Livraria Cultura

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

CLARA X CLARA 2 /AL GREEN - UNCHED MELODY





                          CLARA  X  CLARA  II

          Relembrar para mim é o que me move escrever. Muitas lembranças boas eu tenho, mas como qualquer outra pessoa que vive, eu me lembro de momentos que na verdade nem sei por que de repente eles chegam ao meu pensamento.

          Tenho um escrito já com este tema, mas assim como as coisas que escrevi antes ficaram para trás, outras ideias e lembranças surgem e Clara que passou e viveu aquele momento, e outros parecidos, não entende muito bem como a outra Clara suportou e suporta tantas coisas que não tem nada a ver com ela.

         Fiz terapia durante muito tempo. Parei porque entendi simplesmente que a ilusão que eu tinha e a vontade louca que as coisas fossem do meu jeito, porque eu achava que era a certa, talvez até fosse, era impossível isso e eu entendi a trancos e barrancos que a verdade não era essa. Foi muito difícil para as duas Claras. Clarinha então pensou várias vezes que ia enfartar em plena flor da idade. Tanto uma quanto a outra pela educação que teve era inocente, mas não era boba.

        Houve uma ocasião quando vim morar aqui no sítio, que foi uma fase difícil por sinal, meus filhos já estavam crescidos, na adolescência. Mas eram muitas adversidades que no momento estávamos passando, comuns aos mortais, mas eu estava doente e acho que estou agora de novo.

         Meu filho estava muito doente, eu pensava que era dengue, mas depois de consultado foi diagnosticado hepatite juvenil, ou seja, tipo A. Meu cão Lobo que eu amava tanto morrendo com uma doença degenerativa, ainda bem que não sentia dor. Eu estava uma pilha e ainda tinha que levar Valmar ao aeroporto, chovia muito nesse dia. Eu estava muda, lacrada sem falar nada, só com um medo tão grande de ficar só. É por isso que expresso Clara x Clara, era eu por eu mesma em situações assim, que não foi à única.

        Voltei do aeroporto numa chuva torrencial. Quando cheguei ao viaduto Tancredo Neves, quem mora ou conhece o Recife sabe, estava tudo alagado, alagado mesmo! Os carros maiores que passavam me cobriam de água e eu com medo trancada naquele carro e pensando no meu filho e na situação que eu ia encarar. Consegui passar e fui driblando as ruas alagadas, passando mal, a ponto de ultrapassar o tênue fio da razão e do desiquilíbrio.  Eu chorava com uma dor que eu não sabia de onde, um desgosto, uma tristeza profunda, e outra Clara onde estava?  Não era eu, eu só pensava assim.

        Como saí do meu percurso por causa das aguas, eu estava na av. Rosa e silva entrando na Rua Santos Dumont, quando o limpador do para-brisa arrastou um aguaceiro danado e eu vi uma casa simpática “clínica psiquiátrica” e uma lista de médicos, só virei a direção. Toquei a campainha e veio alguém muito gentil me atender. Vi que não tinha ninguém na sala de espera. Eram 13hs. Como eu estava mal! Ela me conduziu ao seu consultório e perguntou o que havia me levado ali. Eu comecei a falar atropelando-me, dando um nó nas palavras totalmente perturbadas. E enquanto eu falava só vinha em minha mente: quem realmente sou, quem e o que me fez ficar assim, não vou conseguir. Ela entendia tudo e até algo mais. Parecia que ela me ouvia e lia os meus pensamentos. Não melhorei de imediato, ela me medicou e quando cheguei em casa cuidei dos meus filhos, enterrei nosso lobo debaixo de chuva com eles, meus meninos tem raça. A partir daí voltava a ela semanalmente. Isso faz exatamente 17 anos. Até ai então, desde meus 19 anos convivi silenciosamente em profunda tristeza, inquietação, insônia, dores de cabeça, cólicas, medo e insegurança. A outra Clara não deixava nada disso se tornar explícito. Minha depressão nem minha família sabiam, então não considerava e nem tinha conhecimento dessa doença tão cruel. Como todas, doença é doença. Sou revoltada com ela sim, porque tudo que a gente vive quem a tem, vive pela metade.
                                               OBRA DE CLARLES BARBER
                                                    EU E UM PRÍNCIPE ENCANTADO
                                                                         EU E ADELE

                                                            CLARA3AMORES®

        

2 comentários:

  1. Tem coisas que só quem passa é que entende por isso deveríamos respeitar mais uns aos outros, respeitar opiniões, respeitar a individualidade de cada ser e pedir ao nosso Deus Jeová que nos de força nesse mundo tão atribulado e imperfeito e que Ele nos de conforto e paz pra prosseguir, por que uma vida sem tribulações só em breve!!! Se cuide!!! Bjs

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  2. MEU INTÚITO BRUNA, É TAMBÉM ALERTAR PESSOAS QUE SOFREM COM ALGUM DESSES SINTOMAS E TOMEM A DECISÃO DE PROCURAR ALGUÉM COMPETENTE QUE POSSA AJUDAR, MELHORAR E ENTENDER O QUE ESTAR SE PASSANDO NO SEU ÍNTIMO. FICARIA MUITO FELIZ EM SABER QUE ALGUÉM TENHA MELHORADO.
    OBRIGADA PELO COMENTÁRIO.
    CLARA3AMORES.

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