Quando eu nasci já havia fotos coloridas. Um colorido desnatural que tirava um pouco a originalidade das roupas, campo e cenário.
Quando olho hoje as fotos em preto e branco, eu me lembro exatamente como as pessoas eram. Eu seria deselegante em dizer os atributos físicos das minhas irmãs que fotografei na minha memória, por dizer quem tinha as pernas mais bonitas, quem parecia uma boneca, a que era mais magrinha como minha filha é hoje, e, a que realmente para mim era toda bonita. Meu irmão, o 4o dos seis filhos, era um jovem bonito, mas o que atraía mais nele? Seu sorriso, sua simpatia.
Gosto muito de lembrar essas coisas, porque essas como tantas outras estão em mim.
Interessante é que um dia ouvi Arnaldo Jabor dizer que na cultura cibernética ele era zero. Ele era um homem sem talento neste aspecto. Hoje nem sei se pode contar seus seguidores no Twitter. Quando ouvi ele falar assim, eu entendi que qualquer pessoa, até intelectuais, podem não se interessar pelos meios modernos de comunicação. Quando assisti ao filme "Júlia e Jolie" eu entendi o que era um blog, podendo-se fazer dele uma janela só nossa para divulgar nossa existência.
As fotos em preto e branco não têm mais nada a ver com nossos modernos meios de comunicação.
Minha pretensão não é julgar moda, falar de moda, da vida das pessoas, depreciar ou rotular. Não. O que eu gostaria mesmo era de florir a mente de alguém com coisas, costumes, palavras e modos de tratamento que nunca perderão a beleza, como uma foto em preto e branco.
A quem interessar, sempre escreverei algo que no momento estou sentindo. Do amor à indignação, porque eu estou viva e nas entrelinhas da vida nós somos protagonistas da nossa própria novela. A diferença é que podemos fazê-la em preto e branco ou colorida.
clara3amores
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