Livraria Cultura

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

OUVINDO E OBSERVANDO PARA PODER LEMBRAR!

                                                                                                                     
                  Saimos de casa e eu não estava me sentindo muito bem. Lembranças que agora depois de acontecimentos na minha vida, é como se me aprisionasse no mundo que vivi e continua existindo dentro de mim.
                  Quando saímos de casa, logo me deu a sensação de que meus amados cachorros me esperariam. Saímos pela estrada, eu e meu marido, e logo me veio lembranças de pessoas, pessoas, pessoas, sempre pessoas. Pessoas que como já falei, gostavam muito de mim. Estou falando agora da minha tenra infância. Da casa em que nasci e dos vizinhos que me pageavam e queriam minha companhia.
                    No carro me deu logo vontade de falar. Lágrimas suspensas nos olhos com imagens vívidas na mente. Meus comentários ainda não mencionados começaram por algo que eu nunca pude esquecer.
                     Um dia fomos ao Horto, o zoológico, eu era muito pequena, e nos encontramos com meu padrinho. Papai muito satisfeito por ter encontrado o compadre, e meu padrinho muito carinhoso comigo querendo me agradar, fez uma das coisas mais graciosas que vi até hoje.
                    Lá tinha e tem até hoje uma cova enorme para ursos com um tanque bem grande para tomarem banho e eu estava achando lindo. Eram enormes, um casal, pardos, fofões, tão lindos! Então, meu padrinho abriu um refrigerante Crush, chamou a atenção deles,  e eles ficaram em pé no paredão e meu padrtinho derramou na boca deles, metade para cada um. Eu fiquei impressionada vendo aquilo com tanto respeito. Meu padrinho era bem alvo, calvo e os últimos raios de sol servindo de refletor para aquela cena, e que eu ali na estrada desabafava com meu marido, como um segredo guardado por muito tempo!
                   Sucessivamente emendei com a saudade e lembrança de Dona Cecília. Que pessoa maravilhosa! Sua casa para mim, ao que eu posso comparar hoje, era um ambiente em perfeita harmonia. A  casa estava sempre arrumada, a fruteira sobre a mesa sempre com maças argentinas naturais, todas a meu dispor. Eu ainda nem tinha começado a estudar. Ela me aconselhava, perguntava sobre meu dia, dizia que já era tempo de eu ir para a escola e dizia que o fim de semana dela ia ser bom porque "Pequena", a irmã dela, ia almoçar com ela, ia levar os filhos. Eu era toda ouvinte e sonhava como aqueles momentos poderiam ser. Sr. Miguel, o esposo dela, era muito educado, nunca chegou chato, nunca deixou de dar um beijo na minha cabeça. Hoje eu não consigo entender uma mulher madura, amiga de uma criança. A última vez que a vi foi no dia do meu casamento pela manhã. Meu presente: uma cesta com belas maçãs e uma panela florida de ágata.


                                                                         

                                                                              
                                                                             
                                                              Ilustrações de uma realidade


                                                                                                  clara3amores



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