Livraria Cultura

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

SERÁ QUE ESTAMOS PREPARADOS PARA TUDO?

                                                                           
                Nem sempre é fácil falar de coisas, acontecimentos vividos, porque o momento em que estamos escrevendo, um filminho passa em nossa mente revelando pormenores que só cabem a nós mesmos e a Deus. Mas para mim a estrutura dos acontecimentos é o que conta. As coisas que são pequenas, como costumo falar, nas entrelinhas por si só não são insignificantes mas não merecem destaque. Não acho que devemos nos apegar a pequenas coisas porque eu as comparo com pimenta, mesmo pouquinho arde.
               Passei uma experiência, e como todas me surpreendem e me mostram coisas que eu não gostaria de saber nem ver. Mas minha ajuda era imprescendível naquele momento e eu encarei, e encaro. Não vou detalhar, mas dentro de um caso extremamente fatídico em que eu ajudei uma amiga totalmente debilitada pela morte do marido, ela jovem com apenas 27 anos e o filhinho, no processo dos direitos dela da pensão, seguro, etc. Eu entendi que não é tão difícil e incomum você dormir com o inimigo. Para ser muito sincera, como geralmente sou, eu disse a ela com todas as letras: "Não Chore. Procure tirá-lo do seu coração. Deus está dando uma nova chance para um recomeço. Se ele amasse você não estaríamos aqui". Eu falava estas coisas e dentro de mim crescia um medo, e eu pensava ao mesmo tempo se eu tinha o direito de dizer o que eu estava dizendo, e ao mesmo tempo eu precisava, porque dentro daquele processo, do momento dolorido, depois de ele morto, foi que ela veio conhecê-lo. Ele tinha 2 filhos fora do casamento com mulheres diferentes, sonegava o direito da esposa em vida e até depois de morto, porque ela sabia que ele tinha uma poupança e esta poupança não foi achada em nenhum banco. Depois que tudo foi concluído, eu soube que esta poupança estava no nome da esposa do tio dele, e olhe que eu vasculhei também esse tio, porque ela me disse que todo mês eles saiam juntos. Então eu não fui ignorante. Ele é que foi extremamente sagaz, contencioso e desamoroso.
               Onde eu estou querendo chegar? É que, a menos que uma pessoa possa estar totalmente inserida na vida de outra pessoa pode gozar de alguma reciprocidade, de um sentimento verdadeiro, porque é muito difícil conhecer alguém.
               Por isso, o que escrevi na página anterior, que eu sei do amor que sai de mim, o que eu sou capaz de ser para as pessoas, porque o contrário eu percebi que é uma quimera.
                Quando estas coisas é reconhecendo a diversidade de pessas que existem, mas sei também que deve existir alguém que se identifique com meus sentimentos, com a maneira de eu ver e sentir o mundo. Depois que perdi meus pais, eu desejo junto com saudade uma necessidade de ouvi-los. Percebi também o quanto a vida é breve e para alguns mais breve ainda. Quem sabe a minha? Só que dos meus pais eu guardei muitas coisas, gestos, olhares, estilo, ponto de vista, músicas e cantores prediletos. Muitas, muitas, mutas coisas. O que acontece comigo é ser consciente que eu não sou meus pais nem meus filhos são eu. Partindo daí, algum dia eles abrirão este blog e poderão ver um pouco da minha alma e se houve rejeição da parte de algum deles foi em vão e sem motivo. Eles sabem que eu amo as flores, gosto de cultivar orquídeas, gosto de Pavarotti e amo música, gosto de terninhos e legs, filmes, séries americanas, investigação criminal, amo meus genros por amar meus filhos, amo minha família, amo meus cachorros sem diferença de como amo as pessoas, tenho opnião, não sou opniosa. Gosto de comida chinesa, gostaria de ter melhor condição de ajudar o próximo, sou melancólica, controlo a depressão com medicamentos, mas a felicidade independe disso. Fiz o meu jardim e me responsabilizo pelo resultado da criação dos meus filhos, porque seja qual for a condição do coração deles, que para mim não é totalmente transparente, nunca os deixei um instante nesta vida. Mas mesmo assim, a minha necessidade é visceral de que quando eu não estiver por perto, eles saibam o que eu sou.
              Deixarei para trás sinais evidentes de mim mesma. Tudo me revelará. A atmosfera que eu criei, meus perfumes e meus balangandãs, minha coleção de damas antigas, os pratos e as tirrinas que pintei, minhas roupas de rendas e bicos, o café no Plaza. Esta sou eu.



      

                                                                                       
                                                                   
                                                                      Plaza e seu café


                                                                                  clara3amores
                                                                 

2 comentários:

  1. Querida clarinha, é impressionante termos os mes-
    mos sentimentos, e voce com seu dom consegue ex-
    pressar tão claramente essas emoções.
    Tudo que voce escreveu, todos os assuntos são pre-
    ciosos e importantes. Sinto orgulho de voce.
    Um beijo para todos. ..... GUIDA.

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  2. Tambien son mis perfumes favoritos!!!!!! algo que nos identifica tal vez?????

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