Livraria Cultura

quarta-feira, 23 de maio de 2012

PARA MIM MESMA /

                                                                           
         Que estranho! Como alguém escreve para si mesma? Mas é claro, ninguém precisa mais de mim mesma mais do que eu! Descobri isso quando me debilitei há alguns meses. Entendi, sem sombra de dúvidas, como eu preciso de mim! Mas a frustração chega, quando eu sei que uma mulher dependente, ela de algum modo precisará de outra pessoa para se manter. Quem ler o que eu escrever pode se perguntar: você, Clara, é debilitada? Você é preguiçosa? Você foi acomodada? O que foi que aconteceu com você? Você estudou?
            Eu fui fraudada pela vida, porque hoje eu vejo que eu poderia ter tido os meus filhos, ter os criado bem e ainda ter tido minha profissão. Mas é como se eu vivesse em outro mundo. Não houve incentivo para uma realização pessoal. Não, não houve. Minha vida foi acontecendo! "Saudade, diga a esse moço, por favor, como foi sincero o meu amor, quanto eu adorei tempos atrás. Saudade, também não esqueça de dizer que é você quem me faz adormecer pra que eu viva em paz."
               É. A saudade me acalenta. Quem faria isso senão ela, quem? Bobinha! Tudo muda e eu acreditava em muitas coisas e ainda acredito em muitas coisas. Mas o que me impressiona é que cuidar de mim mesma é um tanto trabalhoso, porque não é fácil! Simplesmente porque é estranho eu dizer "muito obrigada, Clara". Não é estranho? Eu acho que não precisava ser assim, Mas é, e agora? "Oh! Quem irá me defender?" Eu preciso me defender. Como posso delegar isso a outra pessoa? E até poderia, a alguém que me amasse muito, como nenhuma outra fosse amada, como Jane Eyre e Eduard, Catherine e Heathcliff, Maria e Von Traps.
              Não sei porque eu fui nascer de amor da cabeça aos pés, e isso não é muito a meu favor. Deixa lacunas que tento preencher com o que eu tenho nas mãos, o amor das coisas que me rodeiam e que me ofertam o que eu planto, meus valores, minhas orquídeas, "todas as mulheres gostam de rosas", mas há também mulheres que gostam de orquídeas. "Sou uma mulher que gosta de orquídeas, de orquídea, de orquídea". E o meu tempo vai passando, passando, passando, e eu vou vendo, vendo, vendo. Eu sinto que nada me faltará!
                  Às vezes também não quero nada... .... Hoje é um desses dias e ponto final. Um ponto final pra mim nunca é um ponto final, porque eu estou sempre reciclando meus pensamentos e reavaliando tudo. Digo sempre a mim mesma que viver é um compartimento hermeticamente fechado. Como eu li num livro é a melhor coisa para encarar a vida e o que ela nos reserva. De outra forma Jesus se expressou: "Viver cada dia com suas ansiedades!"
                 Recebi uma mensagem linda! Uma mensagem tão delicada e bonitinha que Shirleide me mandou. É quase se eu estivesse alcançando o pássaro azul. Cá com meus botões eu imagino que seja sem for, se não me apreciar, "vá com Deus", e nem me olhe, para não estragar a paisagem. Um alguém muito especial diz sempre: "Nada como dois dias e uma noite no meio". É verdade. Há quem poderá passar a noite com insônia, como há também quem vá passar uma boa noite de sono. Isso é elementar.
                  Todas essas coisas eu digo a mim mesma como se eu estivesse tomando chá à tarde com alguém.
                 Vejo meus erros e vejo como fui inocente em abraçar responsabilidades que hoje eu não abraçaria. Mas como o quê? Eu sinto pena até em dizer porque eu os amo tanto! Mas, eu acho que eu não criaria muitos cachorros. É muita responsabilidade, despreendimento, amor. Plantas, objetos pessoais, tudo o que é demais. Acho que já escrevi isso. Mas esses sentimentos vão e vêm na minha cabecinha confusa, em muitas ocasiões.
                 Eu gostaria de escrever sobre o amor, puramente sobre o amor, mas eu não estou conseguindo. O porquê eu não sei, mas com certeza é algo que adornaria o que eu estou escrevendo de mim para mim agora. Sentir-se vazia desse sentimento tão transformador e serve de plano de fundo para todos os cenários de nossa vida; tornar verde e fresquinho aquilo que está quase morrendo na aridez, não é fácil. Mas por que isso etá acontendo? Eu não sei porque estou assim. Ou sei? De mim para mim eu não sei. Não sei mesmo!
                  Esses mometos, acredito eu, que sobrecai para todas as pessoas que pensam, refletem e tiram suas conclusões de acordo com o gênero da vida que teve e os que as ocasiões marcaram. Mas Clara, não fique assim. Entenda que crise existencial existe! Mas para quê? Por quê? E para que serve?Em que nos ajuda? Para nada, para nada, para nada, em nada. Entendeu? Não. Não tem importância. Então eu gostaria de escrever para que entendam que podem me avaliar pelo o que escrevo (não sei se já falei isso) porque existe (e quem lê o que escrevo sabe) uma Clara que se opõe e diz à outra: "Se revele porque quando você se revela, você lava a alma. Você entrega o que você é, e o que você pode ser e onde seu ser alcançar.
                Quando eu era assim eu não imaginava que essa confusão toda de adulta iria me consumir. Eu com um ano de idade, amada, cuidada e dormia com mamãe e papai e ainda mamava. E tudo não parou aí.

                                         
                                                                             

                                                                   CLARA3AMORES
          

Um comentário:

  1. Foi neste texto que te conheci e me conheci... o que dizer... simplesmente espetacular. ah, só para lembrar releio sempre... me fortalece!!

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