Livraria Cultura

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

CONTINUANDO O ASSUNTO SENSIBILIDADE

                                                                               
                                           PARA UMA MÃE DE NOME IRIS QUE RESOLVEU MORAR EM OLINDA, DEDICADO POR UM FILHO DEMASIADAMENTE SENSÍVEL. LINDO!

    Andando pelas ruas do sítio histórico de Olinda, observando a arquitetura daquele lugar de quase quinhentos anos, pude perceber que foram tempos idos em que não existia pressa. Existia sim, o apreço pela beleza, arte, bucolismo, valorização da vida social, as pessoas não tinham medo de morarem perto em vilas, já que naquela época existia terras sobrando. As pessoas ostentavam, começando por suas belíssimas casas, ornamentadas de arabescos, balaustres, grades supertrabalhadas, tornando as ladeiras uma extensiva obra de arte a céu aberto. Era tudo muito diferente! Eu posso até imaginar, as damas e suas filhas e filhos, sinhasinhas e senhorzinhos com seus modos educados, cumprimentando-se nas ruas, festas à luz de velas e lampiões a gás. As camareiras pajeavam suas  sinhás, cuidavam de sua reputação e moral. Quando moral era um assunto de vida ou morte, era na verdade “ NA MORAL” .

         Na realidade, em todas as épocas houve seus modos errantes, falcatruas, e tudo mais que os humanos são capazes. Mas não há contestação que a sensibilidade fazia parte de todo um contexto clássico, onde o romantismo era quase palpável. A atmosfera que os casaris antigos contribuíam, porque eles eram o que refletia a época e hoje são demonstração evidente do esmero suntuoso de uma época que o amor, a paixão era como um fogo  ininterrupto, não era como na internete. Era olhos nos olhos ou nem podia olhar.  Mas qual o rapaz que não queria ou não se sentia atraído pelas delicadas mãos com luvinhas de rendas, laçarotes em cinturas finas apertadas por espartilho, era tudo mais trabalhoso mas não existia apalavra “stress”.      

         Para mim, quando ando pelas ladeiras da Olinda antiga, é sempre um momento de reflexão, não gostando de ver e admitir que entre essas circunstâncias de uma sociedade aristocrática existia o lado desumano da escravidão. Pessoas de sentimentos, frustração, ausência de direitos humanos, e a crassa maldade de tratar humanos sem respeito simplesmente por terem a cor escura, nossos afro-brasileiro. Que ajudaram sem receber nada a construir um país, e muitos aceitavam sua condição e eram leais aos seus senhores. E tudo isso ficou no passado distante, assim como tantas coisas que nós hoje só sabemos porque  vemos a arquitetura de Olinda e suas ladeiras.  E por quê não dizer também  do belíssimo Recife antigo?  Com certeza, a história não foi muito  diferente.

               Com o aspecto de hoje, entre os recifense, poucas pessoas tem sensibilidade de especular o que restou do Recife, olhado para a Avenida Guararapes, a Avenida  Conde da Boa Vista e tantos outros referenciais da nossa linda e mal tratada cidade. O que ficou de lindo, ainda devemos a Maurício de Nassau, que ergueu nossas pontes exuberantes, para o rio Capibaribe serpentiar sob elas, que também nos revelam categoria e bom gosto onde as pessoas primavam a elegância de uma época.

             Existia desigualdade, existia preconceito, existia os que tinham e os que não tinham, existia o movimento abolucionista mas havia um pouco mais de tranquilidade ao andar nas ruas. Eu posso imaginar como era a sociedade nesta época. “Bom dia senhor”, tirando chapéu gentilmente. “Senhorinha!...”, e ela baixava a cabeça um pouco, charmosamente respondendo com os olhos, faceiramente.

            Hoje “na moral” está muito distante desses conceitos, dos modos delicados e sensíveis. Lendo os romances dos escritores Brasileiros, você se choca com o que existe hoje.

                     GENTE! QUE TRANSFORMAÇÂO É ESSA?


                                                             Estradinha da saída de nossa casa



                                      
                                   
                                         
                                       



                                


                                                  
O que se pode imaginar de tão belo acervo arquitetônico? Cada mente poderá esplorar
seus devaneios, do que pode ter acontecido em tempos idos. Cada casa dessas, tem uma historia
no contexto familiar de alegria, amor, perdas e ganhos , idas e chegadas, sonhos alcansados e outros fustrados. Se as paredes dessas casas falassem, poderiam nos dizer as conversas em seus terraços, sim... não havia televisão, não havia internete e as famílias conversavam em seus românticos terraços. E assim eu me transporto todas as vezes ando, calada, só pensando, como eram as vidas das pessoas, ali, em seus casaris das ladeiras da antiga bela Olinda.                 
                             Ó linda situação para para se construir uma vila!
                                                           Duarte Coelho.  Donatário.

                                                                                              CLARA3AMORES

Um comentário:

  1. Que ótimo Clara! Andou pela sua Olinda ontem... reviveu, viveu momentos... É, hoje, amiga... completo 30 anos!!! De repente 30!!! Assusta!!! Hoje também revivi, vivi momentos na minha cidade natal, Castro, no Paraná, ao lado de nada maior que ela, minha rainha, minha tão amada mãe. Foram momentos ótimos, voltei a ser criança... ganhei presente, fiz lanchinho e tive uma tarde de muito amor!!! Além de muito amor... tive consulta com uma neurologista, ultimamente tenho dores terríveis, resolvi consultar para ver no que dava. O que deu: Donaren - antidepressivo... esse nunca tomei!!! Amiga, gostaria de te fazer uma pergunta que há dias me rodeia: Por que resolveu fazer um blog> Espero mais um texto teu... que acho que poderiam ser publicados... livro... sabe!!! Adoro, leio e me identifico! Clara, continua "clareando" meu caminho!!!! Beijo!!

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