Livraria Cultura

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

UM PASSADO QUE VISLUMBRO / FELICIDADE - CAETANO VELOSO



                                            ENQUANTO ISSO NA SALA SEM ENÉRGIA                        




                                                                               
                                                                         





São 20h 15mins. Faltou energia! Olhei pela janela da sala, para fora, vi meu terraço e vi minhas plantas, meu jardim, minhas cestas penduradas no beiral do terraço.
Em segundos pude me ver no passado! Quando ainda não existia energia elétrica, onde as famílias se reuniam na sala e conversavam à luz de candeeiros, lampiões, castiçais e lustres a velas.
Fiquei olhando pela janela a rua e vi a estrada de terra que passa em frente e ao lado do nosso pequeno sítio. Imaginei como poderia ser antes, pessoas andavam na escuridão da noite nas estradas, nas ruas sem medo, confiando plenamente por quem passava sabendo que era um amigo, um compadre só pela voz, a pé ou a cavalo.
Olhei para meus portões. Um com caramanchão de flor lilás e o outro de entrada. Na minha imaginação uma cena agradável, humana, provinciana. Vi pessoas chegando e eu querendo reconhece-las na penumbra do escuro em baixo das árvores, os cachorros latindo, os presos e os soltos correndo pelo terreiro anunciando a chegada dos não da casa.
E num momento novamente como um ar fresco eu quase pude ouvir uma voz...
- Ô de casa!
- Ô de fora!
_ Sinhá Clarinha...
_ Diga...! entre pode entrar!
E o céu tinha mais estrelas, da lua não posso reclamar porque onde eu moro vejo belamente a lua cheia aparecendo no céu!
No escuro aqui em casa o carrilhão está tocando 20h 30mins, me dá uma sensação de saudade desse tempo que acredito ter sido melhor, não sei. Em qualidade de vida, confiança, palavras ditas dificilmente voltava atrás porque havia honra.
Podendo também escutar barulho de charretes e pessoas conversando e eu escutando só meias conversas com o barulho da charrete se indo à estrada, tão bom!
Por um momento pude chegar ao fim do século XIX.
Parece que vivi sabem? Sinto hoje toda essa melancolia me vendo no passado com vestido bege com bicos de linha, laços nas mangas de côco, decote quadrado com entremeios com um laço do lado do decote.
Meu jardim no escuro está especialmente bonito hoje, na penumbra do escuro e o cheiro do jasmim Romeu e Julieta e o manacá fazendo-se presente perfumando a noite.
Minha noite sem energia elétrica me trouxe uma saudade do que não vivi!
Chegou à energia! Tudo igual outra vez.

                                                                CHEGOU A ENÉRGIA!                      

                                                                                   
                                                                             

                                                     Clara3amores®

4 comentários:

  1. TAMBÉM TENHO SAUDADE DESTE TEMPO E NÃO SEI PORQUE.PENSO NO ROMANTISMO QUE EXISTIA, NA ALEGRIA DAS BRINCADEIRAS, NAS CONVERSAS ENTRE AS PESSOAS. HAVIA MAIS APROXIMAÇÃO, DIVIDIA-SE AS PREOCUPAÇÕES,OS A EMOÇÃO DOS SONHOS NOS CORAÇÕES APAIXONADOS,ENFIM,TENHO SAUDADE DESTE TEMPO...BETE.

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  2. QUE BOM VER SEU COMENTÁRIO E SINTO FALTA DOS DE OUTRAS PESSOAS TAMBÉM. MUITO OBRIGADA E BEIJOS. CLARA3AMORES

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  3. Parabéns pela descrição do passado. Também lembro muito passado, acho que apesar de tudo, era melhor de se viver e curtir as amizades verdadeiras que tem se esgotado com o tempo, hoje nós realmente não temos tempo de cultivar amizades, com raras exceções, se encontra pessoas atenciosas e dispostas a se dedicar ao outro quando precisa, se tornar presente e disponível, isso é mesmo uma raridade ! Mas a sua descrição da lua, das árvores, das flores, foi muito real ! Que continue cultivando em você essa sensibilidade pelas coisas belas e simples !
    Te amo.

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