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terça-feira, 18 de junho de 2013

EU E MEU CORCEL... / SKANK DOIS RIOS



                                                                           

                                                                         





E vocês sabem o que é um sonhador, cavalheiros? É um pecado personificado, uma tragédia misteriosa, escura e selvagem, com todos os seus horrores frenéticos, catástrofes, devaneios e fins infelizes... Um sonhador é sempre um tipo difícil de pessoa porque ele é enormemente imprevisível: umas vezes muito alegre às vezes muito triste, às vezes rude, noutras muito compreensivo e enternecedor, num momento um egoísta e noutro capaz dos mais honoráveis sentimentos... Não é uma vida assim uma tragédia? Não é isto um pecado, um horror? Não é uma caricatura? E não somos todos mais ou menos sonhadores?

Fiodor Dostoievski


Falando de coisas funestas eu pensei sobre mim, meu eu, meu corcelmeus sonhos. Eu gostaria de saber até com quantos anos se consegue sonhar. Sonhei recentemente e como o sonho era só meu, não vingou. Mas não posso dizer que alguns se realizaram.
    Não ser compreendida
    Não ser abraçada
    Não ser beijada
    Não ser querida
    Não saber o que é afago
    Não saber o que é proteção
    Não conviver com a sinceridade
    Não ouvir palavras tocantes
    Não saber o que é um lar
    Não entender nada porque é obtuso
    Não ver nem conhecer coisas belas
    Não saber o que é uma mão amiga
    Não saber o que é dormir com alguém
    Não saber o que é ter por quem esperar
    Não saber o que é ter saúde
    Não saber o que é ter uma família
    Não saber o que é construir uma família
    Não saber o que é dar uma gargalhada rasgada
    Não conhecer nada de bom que a vida pode  proporcionar.
     Bem, não ter conhecimento de todas essas coisas torna um ser humano bruto na maioria dos casos. Mas eles existem! Não é difícil de encontra-los. O que me deixa impressionadíssima é que entre esses menos desfavorecidos de afeto brilham alguns portadores de misericórdia exclusiva para dar e receber e passar a conhecer todas essas demonstrações de humanitarismo, calor humano e um espírito de doação que nem viu nem aprendeu, mas nasceu com essa qualidade de um espírito elevado. Tenho pena de quem recebeu todos esses exemplos, porem são obtusos e sucumbem no caminho da ignorância emocional.
    Eu tive sorte, já devo ter dito isso, se não fosse essa claridade, não conseguiria sobreviver aos dias de trevas.
     Não preciso rasgar a alma para escrever o que escrevo, porque o corcel que vive dentro de mim, preso sem ter porta para ele sair, eu dou-lhe o espaço que posso no meu ser para ele galopar. Então é quando esqueço o quanto sou afortunada e minha penalidade me lembra de que não posso ir para os verdes pastos galopar nele e abrir os braços, sentir o vento bater no corpo e dizer eu sou livre!
      Que devaneio absurdo! Se eu sinto essa atmosfera ela não é uma ilusão, ela existe plenamente em mim ou para qualquer um que a sinta. Essa liberdade não é comum, não tem haver com libertinagem, mas é uma liberdade que embora limitada me desse expansão. Essa liberdade poucos a desejam porque não as conhecem.
      “O homem é prisioneiro do seu próprio caráter”. (Doestoieviski). 
Embora seus grilhões lhes doam, estando solto, o que lhes impedem fugir? Essa é minha interrogação.

                                                                                                          Clara3amores

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