Tenho pensado
tanto ultimamente nesses dias que eu não tenho estado tão bem. Sai um pouco de
casa viajando com amigos para melhorar do desânimo...
Restos consequentes
de um stress que parece não passar. Uma vontade de nada que é só minha. Eu quero
inconscientemente alcançar as estrelas, será? Os acontecimentos esperados
acontecem e eu ainda fico desconfortavelmente triste.
Analiso fatos
que acontecem que trazem a mim
incertezas e dúvidas do que vale ou não vale a pena como desejar, criar,
comprar, divertir-se...
Em frente à
casa que eu morei quando eu vivia com meus pais morava um casal na faixa de
idade dos meus pais. Só que tiveram apenas duas filhas e já casadas, eles
viviam numa paz de dar inveja, no bom sentido, digo. Ela trazia flores naturais
toda sexta feira para o jarro da sala de jantar quando voltava da feira. Eu era
uma menina e observava aquilo como se fosse uma coisa de extremo bom gosto. A casa
era pequena e parecia uma casa de boneca, tudo em ordem, limpo e uma atmosfera
de paz.
Essa vida é
tão breve! Deveria haver uma prorrogação para os felizes. De alguma forma
deveria haver!
Ao visitar uma
amiga tive a noticia que eles faleceram. Ela primeiro, ele logo em seguida por
não suportar a ausência dela. E penso em suas belas plantas, sua casa tão
aconchegante, seu jarro de flor sobre a mesa, gladíolos, seu pé de rosas
amarelas no quintal, sua máquina de costura e tudo que ela gostava. Falar nisso
tenho um pé de lírio que ela me deu que vou cuidar melhor dele em sua memória.
Então fico
pensado no que vale ou não vale a pena e não consigo discernir bem agora. Penso
que como minha mãe ela tinha deixado não coisas valiosas, mas um ninho a ser
desmanchado. Difícil desmontar a casa da minha mãe!
Então pensei:
não quero mais nada, não desejo mais nada, inercia. Mas li algo que me fez
pensar que essas desilusões trazem um vazio mesmo e assim como ela deixou suas
coisas deixou também parte dela e da sua natureza em revelação. O espaço que
uma pessoa ocupa, quanto maior significa que ela produziu, traçou sulcos de sua
vida no chão que pisou. Ficou o que a pessoa era! Seus gostos dentro da sua
personalidade em seu ambiente.
Naquela rua em
que eu brinquei e dancei
Onde agora não
tem nada de nós
Foi lá que
comecei a crescer e a viver
Me apaixonar e
mar
Ter meus
filhos pequenos nos braços
Vi também uma
paisagem inteira mudar
Vi também
minha família
Aos poucos ir saindo de lá
Para novos
caminhos encontrar
Os Caminhos tornaram-se
outros
Vidas que havia
já não há mais
Em circunstâncias
que só eu sei contar
Como cada um foi
parar em seu lugar
E eu olho para
trás e vejo
Que continuo
aquela mesma menina
Que continua
insistindo em sonhar.
Clara3amores®