Livraria Cultura

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

EU E O VENTO



                                                                   


                               
E minha vida se abriu para o vento
Entre minhas alegrias, dores e tristezas
Coloquei-me no lugar de cada um
E cada um desconheceu o meu
E até isso passou a me fazer feliz
Num mar de insensibilidade e cegueira
O vento me abriu a vida
E a atemporalidade sobreveio às minhas emoções
Não represando nada além do que seja só meu
Minha alegria, minha tristeza, o coração que dói
Minhas noites notívagas tornaram-se celebres
E tudo que dorme em mim é o que me acorda.

                           

                            
                                                                                                            Clara3amores®

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

PENSANDO EU VOU



                                                                     




Tenho pensado tanto ultimamente nesses dias que eu não tenho estado tão bem. Sai um pouco de casa viajando com amigos para melhorar do desânimo...
Restos consequentes de um stress que parece não passar. Uma vontade de nada que é só minha. Eu quero inconscientemente alcançar as estrelas, será? Os acontecimentos esperados acontecem e eu ainda fico desconfortavelmente triste.

Analiso fatos que acontecem que  trazem a mim incertezas e dúvidas do que vale ou não vale a pena como desejar, criar, comprar, divertir-se...

Em frente à casa que eu morei quando eu vivia com meus pais morava um casal na faixa de idade dos meus pais. Só que tiveram apenas duas filhas e já casadas, eles viviam numa paz de dar inveja, no bom sentido, digo. Ela trazia flores naturais toda sexta feira para o jarro da sala de jantar quando voltava da feira. Eu era uma menina e observava aquilo como se fosse uma coisa de extremo bom gosto. A casa era pequena e parecia uma casa de boneca, tudo em ordem, limpo e uma atmosfera de paz.

Essa vida é tão breve! Deveria haver uma prorrogação para os felizes. De alguma forma deveria haver!

Ao visitar uma amiga tive a noticia que eles faleceram. Ela primeiro, ele logo em seguida por não suportar a ausência dela. E penso em suas belas plantas, sua casa tão aconchegante, seu jarro de flor sobre a mesa, gladíolos, seu pé de rosas amarelas no quintal, sua máquina de costura e tudo que ela gostava. Falar nisso tenho um pé de lírio que ela me deu que vou cuidar melhor dele em sua memória.
Então fico pensado no que vale ou não vale a pena e não consigo discernir bem agora. Penso que como minha mãe ela tinha deixado não coisas valiosas, mas um ninho a ser desmanchado. Difícil desmontar a casa da minha mãe!

Então pensei: não quero mais nada, não desejo mais nada, inercia. Mas li algo que me fez pensar que essas desilusões trazem um vazio mesmo e assim como ela deixou suas coisas deixou também parte dela e da sua natureza em revelação. O espaço que uma pessoa ocupa, quanto maior significa que ela produziu, traçou sulcos de sua vida no chão que pisou. Ficou o que a pessoa era! Seus gostos dentro da sua personalidade em seu ambiente.

Naquela rua em que eu brinquei e dancei
Onde agora não tem nada de nós
Foi lá que comecei a crescer e a viver
Me apaixonar e mar
Ter meus filhos pequenos nos braços
Vi também uma paisagem inteira mudar
Vi também minha família
Aos poucos ir saindo de lá
Para novos caminhos encontrar
Os Caminhos tornaram-se outros
Vidas que havia já não há mais
Em circunstâncias que só eu sei contar
Como cada um foi parar em seu lugar
E eu olho para trás e vejo
Que continuo aquela mesma menina
Que continua insistindo em sonhar.

                                                                         
                                                                                      Clara3amores®