Livraria Cultura

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

MINHA FILHA / JORGE VERCILO

         
                                                               CLARISSA DE CLARA                      


           Minha filha...açucenas teimam em brotar
           Não exigem nehum dengo especial
           Querem apenas terra, campo e sol
           E no verão elas florescem ainda mais
           Por ter existido alguém que a tenha desejado demais

          Porque vê-las florir é um encanto
          No entanto, por ter pessoas me espanto!
          Sem nem conhecê-las parecem florir
          Iguais às açucenas do campo.

          Existe uma menina linda que igual às açucenas do campo
          Resplandece de perfume, beleza e encanto.
          Todos os dias a vejo, sinto seu perfume.
          Esta bela açucena teve um cultivo especial.
          Sendo minha querida filha,
          Embelezará sempre nossa casa de carinho, perfume e acalanto.


                        Quando eu escrevi isto, ela acabava de entrar em casa, os cadernos nos braços, bolsa a tira-colo, cabelos soltos, sorrindo, fazendo 2o grau. E foi assim que eu a vi e senti o seu perfume exalar nossa sala.

                                             
                                                            Assim teu pai te pegava                   


                                                             Assim sempre te amarei

                                                                                               clara3amores
     

QUEM DERA QUE TODOS OS DIAS FOSSEM FELIZES!

                Hoje estou especialmente triste! O sol lá fora arde mas para mim está escuro, sem perspectivas. Como posso ter perspectivas? Tudo parece escuro, mórbido, sem cor, sem alegria. Embora as lembranças alegres de um tempo que não pode mais voltar venham em minha mente, tudo mudou. Neste momento parece que eu desapareci. Que eu não sou mais quem eu fui. Mas eu sou.
                Não é bom saber que esta angústia que estou sentindo não é só minha. Ou é?
                É difícil quando pessoas se machucam, reacendem mágoas passadas e junta tudo num turbilhão de tristezas, e tudo se torna pior quando parece que não somos ouvidos e ficamos sozinhos em nós mesmos.
                Mamãe se foi!
                Passou o tempo e continua a passar. Tudo mudando ao nosso redor bruscamente (acho que já mencionei isso) Eu me sinto tão diferente como se houvesse duas pessoas em mim. Uma que está e outra que insiste em ficar como sou, mas sob a imposição de ficar quieta, meio perdida, sem saber quem me impõe. Será eu mesma?
               "A flor mimosa que abrilhanta o prado ao sol nascente vai pedir fulgor;
                 e o sol, abrindo da açucena as folhas,
                 dá-lhe perfumes - e não rega amor."
                Para mamãe que gostava de Cassimiro de Abreu e de rosas.




                                                                       

                                Ela cantava," ah que saudade que tenho da aurora da minha vida
                                da minha infância querida que os anos não trazem mais.
                                Que amor, que sonho, que flores...

                                                                                                  CLARA3AMORES



ALGUMA VEZ PERDEU SEUS PATINS! / TEMA DO FILME 007 - ADELE

                                                                             
              Às vezes acontece algo que eu fico pensando, pensando e percebo que aquele acontecimento pode ser reavaliado de muitas maneiras. O exemplo do rapaz brasileiro Marcel Sturmer nos Jogos Paramericanos, mostrou ao mundo que a capacidade de superação às vezes não a temos como real.
               Marcel Sturmer foi roubado. Levaram sua preciosa bagagem preparada para suas apresentaçãoes nos jogos. Em sua entrevista ele estava desanimado, muito triste e só havia um motivo principal: seus patins. Por que? Como ele mesmo falou refinadamente que estava impossibilitado de subir ao pódio porque embora tenha sido muito bem assessorado, providenciaram patins novos para ele, mas havia um problema: " Não estou seguro. Meus patins foram companheiros de dias, horas. O tempo todo eu treinei com eles. Os que tenho agora têm folga, não estão adaptados aos meus pés. Vou tentar dar o meu melhor." Marcel Sturmer emocionou a todos os que o via. Ao som do filme 007, ele se superou. Mostrou sua arte de maneira estupidamente elegante. Sem vacilo ele superou seus incômodos com a leveza de uma pluma. E para mim, o mais lindo é que os atletas ficam muito concentrados em suas apresentações. Ele não. Enquanto ele deslizava em perfeita harmonia com a música, ele conseguia sorrir como se bailasse sozinho, como se não estivesse nem aí com os patins inadequados. Que menino! Subiu ao pódio. Medalha de ouro mais que digna, mais que honrada.
               Parabéns Marcel Sturmer! Seu exemplo, para aqueles que têm um pouco de perspicácia, mostrou que "perder por roubo de patins" não impede a quem é bom, executar em sua vida da melhor maneira possível, seja qual for a modalidade, as exigências, contra-tempos, desvio de percurso, o bom continuará bom.
               Eu conheço um jardineiro que ele não deixa de ser bom naquilo que ele faz por conta da tesoura estar cega. Mesmo assim ele consegue fazer o jardim ficar bonito. Para mim o maior exemplo de Marcel Sturmer não foi a superação, mas a adaptação. E hoje eu vejo que nesta vida, para os que têm dificuldade de adaptação, "perder os patins" por roubo é uma tragédia! No entanto, para ele não foi. Só aumentou seu brilho!


                                                                                

                                                                               
                                                                             

                                                               CLARA3AMORES
                                                                             

SENTIMENTOS QUE SE ESCONDEM...

               Hoje estou melhor. Ontem foi 05 de novembro, dia do meu aniversário. Embora eu não comemore aniversários, este dia para mim é muito marcante pela coincidência de eu e meu pai nascermos na mesma data. Eu sempre soube que um dia isso pesaria nas minhas emoções porque entre eu e meu pai, embora eu não fosse a filha que imaginavam, e nem eu mesma, para ficar com ele depois que mamãe não estivesse mais aqui, dentro deste cenário de vida eu fiquei com tantas perguntas, tantas interrogações sobre a vida, que quando ele não estava mais aqui, eu percebi que eu esqueci de aproveitar os momentos e esclarecer as questões que hoje me desinquientam.
                Que coisa! Por que esta coincidência? Por que nos últimos anos, nos últimos dias eu o amei mais do que a vida toda? Por que o último beijo que eu dei nele no esquirfe foi o mais importante, especial, com todos meus agradecimentos? Mas o especial daquele beijo, meu filho comigo, a única certeza que eu tinha era que Jeová Deus assistiu a tudo e que aquele beijo diferente de todos estava carregado de uma brevidade e a certeza de um "até logo" em que outras despedidas nossas eu nunca senti.
               Eu, 05 de novembro de 1962.
               Ele, 05 de novembro de 1919.
       

                                                                                         CLARA3AMORES

UM DIA FELIZ É MUITO RARO / J. QUEST



                                                                                         
               Hoje é um dia de sábado, eu estava me sentindo muito sem motivação, vi não haver motivo: recebi um telefonema de uma amiga querida e da minha queridíssima irmã também, mas eu ainda estava com uma sensação de desamparo e a surpresa chegou: meus amigos e irmãos conseguiram me surpreender! Todos eles com comidas maravilhosas de gostosas e carinho para dar e vender! As mãos de Deus estão sempre estendidas para mm!
               Hoje é quarta-feira, feriado, e achei apropriado escrever sobre este mesmo tema porque hoje também foi um dia muito feliz. Encontrei meus amigos de muito tempo que sempre os vejo, mas dessa vez tivemos bem mais tempo para conversar, ver fotos, lembrar o passado, jantar num restaurante lindo que eles nos apresentaram, comida muito boa, tudo muito bom! Melhor ainda era saber que eles estavam felizes em nos proporcionar aquele momento. Ao computador deles vimos muitas fotos que me fizeram lembrar muito mamãe: Dálias. Dálias de todas as cores, como mamãe gostava. As flores que eles viram tantas vezes no jardim da minha casa. São tempos tão longe agora! Não temos mais as mesmas idades, mas temos os mesmos sentimentos. Sentimentos raros, sentimentos bons e arraigados e nós mesmos.
               Conheci meu marido por intermédio deles. Eu era muito jovem.
               Eu gostaria de dizer uma coisa muito especial nesta mensagem. Eu me esforcei muito em passar algumas coisas para meus filhos que pudesse sugerir uma herança ou uma continuação peculiar destes sentimentos, puros, firmes, leais, duradouros e de valor enriquecedor, mas paira sobre mim dúvidas se eles assimilaram ou eu fui incompetente de não inculti-los a gratidão, a compensação pelo bem recebido, seja material ou espiritual. Vem agora na minha mente uma frase de uma música que combina comigo: "Não que eu queira reviver nenhum passado, nem revirar um sentimento revirado... e faço das lembranças um lugar seguro". Eu acho tão bom este sentimento que só ele me preenche e que coisas tão simples me dão a impressão de intensidade. É esta intensidade que me faz sentir segura no passado, porque este passado para mim nunca evaporou. Ele ainda é forte, concreto e eu o vivi.
             "Dálias, papoulas, crisântemos, sonhos maneiros e serenos e tão bom da gente sonhar"!

                                                                      
                                                                               


                                                                                 
                                                                                    CLARA3AMORES


SERÁ QUE ESTAMOS PREPARADOS PARA TUDO?

                                                                           
                Nem sempre é fácil falar de coisas, acontecimentos vividos, porque o momento em que estamos escrevendo, um filminho passa em nossa mente revelando pormenores que só cabem a nós mesmos e a Deus. Mas para mim a estrutura dos acontecimentos é o que conta. As coisas que são pequenas, como costumo falar, nas entrelinhas por si só não são insignificantes mas não merecem destaque. Não acho que devemos nos apegar a pequenas coisas porque eu as comparo com pimenta, mesmo pouquinho arde.
               Passei uma experiência, e como todas me surpreendem e me mostram coisas que eu não gostaria de saber nem ver. Mas minha ajuda era imprescendível naquele momento e eu encarei, e encaro. Não vou detalhar, mas dentro de um caso extremamente fatídico em que eu ajudei uma amiga totalmente debilitada pela morte do marido, ela jovem com apenas 27 anos e o filhinho, no processo dos direitos dela da pensão, seguro, etc. Eu entendi que não é tão difícil e incomum você dormir com o inimigo. Para ser muito sincera, como geralmente sou, eu disse a ela com todas as letras: "Não Chore. Procure tirá-lo do seu coração. Deus está dando uma nova chance para um recomeço. Se ele amasse você não estaríamos aqui". Eu falava estas coisas e dentro de mim crescia um medo, e eu pensava ao mesmo tempo se eu tinha o direito de dizer o que eu estava dizendo, e ao mesmo tempo eu precisava, porque dentro daquele processo, do momento dolorido, depois de ele morto, foi que ela veio conhecê-lo. Ele tinha 2 filhos fora do casamento com mulheres diferentes, sonegava o direito da esposa em vida e até depois de morto, porque ela sabia que ele tinha uma poupança e esta poupança não foi achada em nenhum banco. Depois que tudo foi concluído, eu soube que esta poupança estava no nome da esposa do tio dele, e olhe que eu vasculhei também esse tio, porque ela me disse que todo mês eles saiam juntos. Então eu não fui ignorante. Ele é que foi extremamente sagaz, contencioso e desamoroso.
               Onde eu estou querendo chegar? É que, a menos que uma pessoa possa estar totalmente inserida na vida de outra pessoa pode gozar de alguma reciprocidade, de um sentimento verdadeiro, porque é muito difícil conhecer alguém.
               Por isso, o que escrevi na página anterior, que eu sei do amor que sai de mim, o que eu sou capaz de ser para as pessoas, porque o contrário eu percebi que é uma quimera.
                Quando estas coisas é reconhecendo a diversidade de pessas que existem, mas sei também que deve existir alguém que se identifique com meus sentimentos, com a maneira de eu ver e sentir o mundo. Depois que perdi meus pais, eu desejo junto com saudade uma necessidade de ouvi-los. Percebi também o quanto a vida é breve e para alguns mais breve ainda. Quem sabe a minha? Só que dos meus pais eu guardei muitas coisas, gestos, olhares, estilo, ponto de vista, músicas e cantores prediletos. Muitas, muitas, mutas coisas. O que acontece comigo é ser consciente que eu não sou meus pais nem meus filhos são eu. Partindo daí, algum dia eles abrirão este blog e poderão ver um pouco da minha alma e se houve rejeição da parte de algum deles foi em vão e sem motivo. Eles sabem que eu amo as flores, gosto de cultivar orquídeas, gosto de Pavarotti e amo música, gosto de terninhos e legs, filmes, séries americanas, investigação criminal, amo meus genros por amar meus filhos, amo minha família, amo meus cachorros sem diferença de como amo as pessoas, tenho opnião, não sou opniosa. Gosto de comida chinesa, gostaria de ter melhor condição de ajudar o próximo, sou melancólica, controlo a depressão com medicamentos, mas a felicidade independe disso. Fiz o meu jardim e me responsabilizo pelo resultado da criação dos meus filhos, porque seja qual for a condição do coração deles, que para mim não é totalmente transparente, nunca os deixei um instante nesta vida. Mas mesmo assim, a minha necessidade é visceral de que quando eu não estiver por perto, eles saibam o que eu sou.
              Deixarei para trás sinais evidentes de mim mesma. Tudo me revelará. A atmosfera que eu criei, meus perfumes e meus balangandãs, minha coleção de damas antigas, os pratos e as tirrinas que pintei, minhas roupas de rendas e bicos, o café no Plaza. Esta sou eu.



      

                                                                                       
                                                                   
                                                                      Plaza e seu café


                                                                                  clara3amores
                                                                 

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

CLARA3AMORES

                                                                                 
                      Amores se têm poucos mesmo na vida. Alguém já pode ter tido mais e curtido também um pouco mais o amor materno. Isso em tempos passados poderiam ter bem mais, porque hoje as pessoas de organizam e se preocupam com o que podem oferecer aos filhos. O amor materno é o amor mais sublime de todos. Nem preciso descrever porque quem é mãe entende. Talvez também alguns mais e outras menos vivenciaram intensamente este amor, porque ele exige uma dinâmica árdua de ensinar, uma necessidade louca de abraços e beijos, proteção, provisão e se esgotar muitas vezes de medo e preocupação e investimento para longo prazo (R$), para alguns por tempo inderteminado. Este amor eu vivo 2. Ás vezes fico pensando no momento em que os vi pela primeira vez e ainda me dá muita vontade de  chorar e me arrepio, quando me lembro do nascimento. Foi o ponto alto da minha vida! Duas experiências de um ano de diferença para outra, se tornaram únicas.
                        A minha primeira experiência de amor apaixonado, atração física, essas coisas que as jovens precisam sentir para seu crescimento feminino, foi muito bom, maravilhoso! As primeiras declarações de amor que só se faz ao sexo oposto, me atingiam como flechas em chamas. Eu ficava em chamas! Quando eu estava melancólica, bastava eu vê-lo e o coração rapidamente irrigava todo o corpo de energia e felicidade, e suas palavras atingiam diretamente meu ego e o nosso namoro transcorria como na paraisópolis, era lá onde vivíamos mesmo estando afastados. Eu sei que a maioria das jovens ou todas, não sei, já viveram algo assim. Talvez tenham vivido esta experiência com alguém e com ele tenha ficado até o fim ou até quando deu.
                        Eu tive mais sorte! Encontrei alguém que me fez reviver tudo isso de maneira mais plácida, mais segura e com comprometimento. Porque ele não me fazia sonhar, ele cumpria suas declarações e foi em nossa cama que ele cumpriu as declarações escritas que tenho até hoje, não levadas pelo tempo, mas que estão nas paredes de nossa casa, no nosso quarto, e no mais importante projeto de nossas vidas que foram gerados e edificados entre estas mesmas paredes da nossa casa, especificamente em nosso quarto, incultindo em minha mente que eu não seria somente Clara, mas Clara 3 Amores.
                        Não importa o que tenha ficado nas entrelinhas da minha vida nem desta página, mas que imperfeitamente eu fiz o que pude de melhor e que Clara 3 Amores é o amor que nasceu dela para estas 3 pessoas...
                         O terceiro amor na verdade descrito como o definitivo para mim, de poucas palavras e que achava que escrever era mais fácil do que declarar, na ordem dos fatos, na realidade é que sem ele, a quem me chama de Clarinha, não existiram meus outros 2 amores.



                                                                 Filho nas mãos do pai               
                                                                                
                                                                 Tela mãe e filho
                          
                                                                  Mãe acariciando filha

                                                                   
                                                                                                        
                                                              Jovem mãe contenplando filho e...



                                                              ... O amor que me deu os outros dois
                                                                         

                                                                              
                                                                                                         clara3amores

OUVINDO E OBSERVANDO PARA PODER LEMBRAR!

                                                                                                                     
                  Saimos de casa e eu não estava me sentindo muito bem. Lembranças que agora depois de acontecimentos na minha vida, é como se me aprisionasse no mundo que vivi e continua existindo dentro de mim.
                  Quando saímos de casa, logo me deu a sensação de que meus amados cachorros me esperariam. Saímos pela estrada, eu e meu marido, e logo me veio lembranças de pessoas, pessoas, pessoas, sempre pessoas. Pessoas que como já falei, gostavam muito de mim. Estou falando agora da minha tenra infância. Da casa em que nasci e dos vizinhos que me pageavam e queriam minha companhia.
                    No carro me deu logo vontade de falar. Lágrimas suspensas nos olhos com imagens vívidas na mente. Meus comentários ainda não mencionados começaram por algo que eu nunca pude esquecer.
                     Um dia fomos ao Horto, o zoológico, eu era muito pequena, e nos encontramos com meu padrinho. Papai muito satisfeito por ter encontrado o compadre, e meu padrinho muito carinhoso comigo querendo me agradar, fez uma das coisas mais graciosas que vi até hoje.
                    Lá tinha e tem até hoje uma cova enorme para ursos com um tanque bem grande para tomarem banho e eu estava achando lindo. Eram enormes, um casal, pardos, fofões, tão lindos! Então, meu padrinho abriu um refrigerante Crush, chamou a atenção deles,  e eles ficaram em pé no paredão e meu padrtinho derramou na boca deles, metade para cada um. Eu fiquei impressionada vendo aquilo com tanto respeito. Meu padrinho era bem alvo, calvo e os últimos raios de sol servindo de refletor para aquela cena, e que eu ali na estrada desabafava com meu marido, como um segredo guardado por muito tempo!
                   Sucessivamente emendei com a saudade e lembrança de Dona Cecília. Que pessoa maravilhosa! Sua casa para mim, ao que eu posso comparar hoje, era um ambiente em perfeita harmonia. A  casa estava sempre arrumada, a fruteira sobre a mesa sempre com maças argentinas naturais, todas a meu dispor. Eu ainda nem tinha começado a estudar. Ela me aconselhava, perguntava sobre meu dia, dizia que já era tempo de eu ir para a escola e dizia que o fim de semana dela ia ser bom porque "Pequena", a irmã dela, ia almoçar com ela, ia levar os filhos. Eu era toda ouvinte e sonhava como aqueles momentos poderiam ser. Sr. Miguel, o esposo dela, era muito educado, nunca chegou chato, nunca deixou de dar um beijo na minha cabeça. Hoje eu não consigo entender uma mulher madura, amiga de uma criança. A última vez que a vi foi no dia do meu casamento pela manhã. Meu presente: uma cesta com belas maçãs e uma panela florida de ágata.


                                                                         

                                                                              
                                                                             
                                                              Ilustrações de uma realidade


                                                                                                  clara3amores



NÃO SEI O POR QUÊ DESSA ANSIEDADE!

                                                                                 


                     Os psicólogos e psiquiatras fazem uma alusão que uma pessoa pode sofrer mentalmente, revoltar-se, tornar-se meigo ou agressivo, ter lembranças indefinidas de músicas, lugares, voz familiar, etc. Eu particularmente não concordo. A certeza que eu tenho é que este período da vida é o qual estamos em total segurança. Sou mãe e sei que a partir do nascimento começa a luta pela vida ou pela existência.
                    Eu tive uma vida! Vida é ter uma força para encarar, passar por obstáculos, amar, trabalhar por coisas que trarão satisfação, recompensa por um esforço. Isto é vida, outra coisa é existir.
                    Nas páginas passadas eu tentei revelar como minha cabeça e meu espírito funcionam; isso no meu íntimo, na minha concepção de ver e sentir as coisas, mas às vezes isto pode ser destruído pela desconsideração do que se chama de "próximo".
                     A minha maior preocupação é deixar que meus filhos vivam sem conhecer minha alma. No momento eu sei que eles não estão preocupados com isto, mas um dia quem sabe!? 


                                                 CLARA3AMORES

EU ME RESUMO NO QUE SOU


                                                     
                     Eu acredito plenamente que absolvo as coisas naturais da vida de uma maneira pouco observada ou sentidas por outras pessoas. Eu sinto que minha dor perdura mais que a dor dos outros, embora eu tente não dar tanta importância porque tudo passa. E, tudo passa mesmo. Mas o nosso desafio é nos confrontar como fica sentimentos conturbados, saudade, ausência e nada é mais a mesma coisa. Tentamos fingir que é, mas não é nada mais o que era.
                      Tentamos "arrumar a casa", mas não temos o mesmo conforto de antes. Alguma coisa paira e não conseguimos sequer dar nome a esta sensação de dor misto carência e ansiedade.
                      Se soubéssemos que algum dia iríamos ter este sentimento ávido por respostas, nos prepararíamos mais na tenra juventude, mas até hoje não vi nenhum ser humano se mostrando um exemplar desta modalidade na vida.
                      Me resumir no que sou me faz refletir entre dores e desconfortos, o que podemos fazer por nós mesmos em relação a outras pessoas.


                                                                       
                          Me resumo no que sou, mas mesmo sendo loura, eu penso, e muito.

                                                                                                clara3amores            

EXISTE UM DITADO CHINÊS QUE DIZ QUE O SUCESSO E O FRACASSO PODERÃO SER ÚTEIS!

                                                                           
             É muito bom quando fazemos alguma coisa e somos bem-sucedidos. Mas pode acontecer também que de alguma forma não sejamos reconhecidos ou gratos suficientemente por este sucesso, e a vida transcorra normalmente sem nos apercebermos disso. O sábio chinês diz que ele pode nos ser útil, só não diz se será imediatamente, a meio ou a longo prazo. É importante que este sucesso seja permanente em nossa vida. Mas com  minhas desculpas ao chinês, eu pergunto:  e se este sucesso não permanecer  em nossa vida? Será que entendi o chinês? É quando chega o fracasso? Nossa vida é cheia de idas e vindas, como diz a música de Milton Nascimento.
             A sensação de fracasso é tão ruim que adoece o corpo, a alma e o espírito. Mas vendo pelo lado do chinês, mesmo que este fracasso doa muito, que o que era tudo para nós não teremos condição de mantermos, e a ferida existente no íntimo lhe pareça que engoliu um gato selvagem vivo e você se sinta em carne viva por dentro, e eu posso dizer que já me senti assim. Eu chego a acreditar que o chinês nos quer dizer que esta dor, que todo este sofrimento, se soubermos o que fazer com ele, poderemos alcançar o maior dos sucessos, porque depois de chorarmos e desfalecermos e sentirmos o impacto de levantarmos nossas cabeças, respirarmos fundo e acalmarmos o “gato selvagem” e continuarmos vivendo como se cada dia precisasse ser vivido de cabeça erguida e sorrindo, eu acho que é saber o que fazer com o fracasso.
           Gostaria muito de saber do chinês se eu estou sabendo aplicar seu provérbio. Eu acredito que seja mais ou menos assim transformar o fracasso em sofrimento e ser sensível e humilde para aceitá-lo ao mesmo tempo nos edificando.
          Medo? Tenho medo, sim. Sou mortal! Mas só sabemos do que somos capazes quando chegar o momento. Com certeza chegará indubitavelmente a alegria do sucesso e a sensação do fracasso para todo mortal. Caberá a cada um como encará-los.



                                                                              
                                Talvez estes chineses saibam em si próprio a eficácia do ditado! 

                                                                                                                   CLARA3AMORES