Tanto tempo mergulhada em
tantas questões, afastando-me de mim mesma para me sentir. O que fui, o que sou
e o que posso vir a ser. Vir a ser, uma das maiores interrogações que se prende
em mim.
Em muitas ocasiões já me
encontrei tão cheia de mim mesma e me sinto agora tão sem inspiração, tão
desconectada com as emoções que estão sempre a me embalar. Não estou gostando
de lembranças neste momento porque as comparações aparecem e elas não mudam
nada, são inúteis, foscas e criam confusões em minha mente. Meus profundos
sentimentos são inquietantes, não são mansos e me enfraquecem.
Esses últimos três anos
foram intensos, mas bem vividos. Com alegrias e lágrimas, realizações e frustrações,
desejos e vontades, algumas realizadas e outras castradas por impossibilidades
impostas sei lá pelo quê. Se pela vida, se por consequências, se por azar ou
sorte.
Tenho continuado minha vida
num oceano de expectativas infindáveis, espectadora de fatos tão inesperados
como aflitivos que de só saber que está acontecendo causa-me perturbação e
momentos improfícuos.
Minha pessoa que sempre
gostou de debater-se no harmonioso onde reinam as paisagens belas, flores,
bichos, carinhos, aroma, luz, calmaria e, tudo que contrabalance com os
contragostos da vida tornar-se carente de criatividade e me coloca em fuga...
Fui imensuravelmente tola em
momentos da minha vida quando fui crédula e amante do bem. Fui tantas vezes embebecida
pelos bons tratos e embrutecida por incompreensões e ingratidões.
E todas essas coisas me
fazem compreender e confirmar que eu sou uma fagulha numa infinita amplidão. Tão
rápida sua claridade que de repente se torna inexistente.