Livraria Cultura

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

ACHADOS E PERDIDOS


                                                                       

                                                   MILA E SUA LINDA IDENTIDADE!
             
                                                                                 

Não precisamos nos esforçar por nada, porque nada é realmente nosso. Nem por coisas nem pessoas. Essa vida flui de maneira inesperada, muito distante de nossas expectativas. Mesmo que trabalhemos para que tudo dê certo, que caiba dentro do nosso mundo mental, exclusivo e só nosso, é vão pensarmos que podemos conduzir algo.
Hoje, quando vi, minha filha enterrando sua cadelinha que lhe dei de presente quando ela tinha 15 anos, vendo o sofrimento dela, um mix de pensamentos me vieram todos de uma vez. Todo momento chega nessa vida, mais uma vez pensei, sem sombra de dúvidas porque mais um havia chegado e percebi também que mesmo que tenhamos essa certeza a angustia não passa! Naquele momento percebi também que com Mila estava indo à adolescência dela, momentos bons em família quando estávamos ainda todos juntos aqui em casa. Mila viveu 17 anos. E ela recebeu todo amor possível da minha filha na sua infancia até os seus últimos dias de senilidade e trabalho, que para ela não era trabalho, era ação de amor! Mas eu vi num breve momento muitas coisas de mim...

Eu entendo que esse mosaico de momentos que é a vida, ao menos a minha, fica faltando pecinhas que eu não os encontro no momento, entendendo também que a incerteza de ter tempo ou não, não me perturbam mais. É como se tudo de repente para mim tivesse ficado natural e como precisasse acontecer.

Os dias se renovam nos ignorando porque ele é soberano, e nós vivemos para preenche-lo da melhor forma, mesmo com esforço,porque ele nos cobra também na sua imparcialidade.
Nossas perdas e experiencias, e cada uma é singular,nos deixam dor como teste de resistência para outras e mais outras. É assim que tenho encarado a vida com meus amores e meus achados e perdidos, e crendo que os achados são bem mais presentes!



Clara3amores

terça-feira, 12 de abril de 2016

UM SENTINDO SENTIDO DE UM ALGUÉM


                                                                           






Um sentindo sentido de um alguém


Pode não mais fazer sentido
Nem mesmo o que eu possa estar sentindo
Mas o tempo de espera cristalizou minha alma
Não me permitindo ver o obvio, o real
O que realmente houve em mim e não em ti
Brinquei com fogo como criança.
O desconhecido!
E esse desconhecido tornou-se meu respirar
Numa vida tão sem alegria que eu podia inventar
Que era alegre.
Quis me reinventar em sonhos
Palavras inverídicas
Promessas irrealizáveis.
Voltar para minha cela
Estar sendo um infame tormento
Deixastes de me dá expectativa
E tirastes as que me deste
Sem pensar nem um pouquinho
No que pensaste, no que falaste, no que ergueste
Recuso-me a acreditar em intenções escusas
Em coisas que vivi apartada porque em ninguém confiava
Mas algo tão a cima de mim me tomava
Imensuravelmente e sem controle
E eu que pensava que já havia vivido
Estava vivendo e sonhando contigo
Sem saber ah! Que estava envelhecendo e morrendo.

                                    
           

                                                     Clara3amores®

terça-feira, 22 de setembro de 2015

“RÊVERIE”



                                                                               
                                                                           







Sonhar! Viver o que não é real, olhar para o futuro acreditando, tudo que se refere ao sonho remete a bons flúidos, estado de extrema satisfação. Podemos sonhar com o futuro ou sonhar com um passado que fomos felizes. O sonho pode nos levar ao estado de graça ou ao estado de culpa, sofrimento, pesar... se o sonho realizado estava só em nós, não fazia parte da realidade que ventilava nossa vida.

Sonhamos quando criança com o lúdico, com o que nos fizesse sorrir, mas sonhávamos também em crescer. E na adolescência, fazemos planos, sonhamos com o sucesso amoroso e o sucesso profissional, sucesso familiar, tudo cabendo em um só sonho. E quando adultos os sonhos são com aquilo que não conseguimos ter e alguns sonhos realizados tornaram-se pesadelos para alguns. Desmancham-se em frustração e desengano e nos levam a crer que não vale a pena sonhar.

Cada dia da nossa existência se torna uma revelação verídica que estava totalmente fora dos nossos sonhos e por surpresa do a caso, os bons lances, fazem-nos perguntar: será que estou sonhando? E outros lances são tão doídos que dentro de nossa perplexidade pensamos: meus Deus isso é um pesadelo! Isso dentro do nosso mundo ou o que observamos exteriormente.

Grandes homens tiveram seus sonhos e suas desventuras e escreveram sobre isso em suas várias formas.
Os homens simples vão sentindo e vivendo os acontecimentos de sua vida sem pronunciar nunca a palavra sonho em sua forma de projeto de felicidade. Para eles só existem sonhos quando dormem.

Alguns insistem em sonhar debaixo de escombros e são felizes dentro sua realidade, porque simplesmente viver para ele é sonhar. Tenho visto isso e até me assombro. Em pessoas que não vivem com o menor conforto, e acho isso assombroso mesmo porque alguns desiludidos são abastados e não existiu ainda ninguém que tivesse explicação para isso. E para outros serem felizes precisam viver dentro de um sonho, oniricamente. Vejo e observo isso também. 


“ O riso a cavalo e o galope do sonho. É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver”
(Ariano Suassuna)
 
                         
                                                           Clara3amores®


quarta-feira, 9 de setembro de 2015

MIGRANTES / UM LOUVOR POR ELES

                                                         UM LOUVOR POR ELES
                                                                                 
                                                                                       





Não há motivo para regozijo
Quando o amor se torna tão escasso
Onde o homem desconhece seu semelhante
Renega-os, chuta-os e os mandam voltar
Pobres crianças morrem no mar
Para onde foram levados na esperança
Que iriam ter na outra margem
Cama, comida e segurança
E a profunda agonia os encontram
Em turbulentas ondas fazendo páreo com a morte
Sem vir a conhecer o que é da dignidade humana
Que a imensurável injustiça do homem mal e corrompido
Faz romper e leva-los para o desconhecido
Os que conseguem ultrapassar as fronteiras
Humilham-se, correm, defendem-se
Em angustias misturadas de famílias, jovens sonhadores...
Que em uníssonos pedem e estendem as mãos para uma melhora
Ou uma salvação.


Clara3amores®

domingo, 9 de agosto de 2015

O QUE POSSO SER...

                                                                   

                                                                           



Tanto tempo mergulhada em tantas questões, afastando-me de mim mesma para me sentir. O que fui, o que sou e o que posso vir a ser. Vir a ser, uma das maiores interrogações que se prende em mim.

Em muitas ocasiões já me encontrei tão cheia de mim mesma e me sinto agora tão sem inspiração, tão desconectada com as emoções que estão sempre a me embalar. Não estou gostando de lembranças neste momento porque as comparações aparecem e elas não mudam nada, são inúteis, foscas e criam confusões em minha mente. Meus profundos sentimentos são inquietantes, não são mansos e me enfraquecem.

Esses últimos três anos foram intensos, mas bem vividos. Com alegrias e lágrimas, realizações e frustrações, desejos e vontades, algumas realizadas e outras castradas por impossibilidades impostas sei lá pelo quê. Se pela vida, se por consequências, se por azar ou sorte.

Tenho continuado minha vida num oceano de expectativas infindáveis, espectadora de fatos tão inesperados como aflitivos que de só saber que está acontecendo causa-me perturbação e momentos improfícuos.

Minha pessoa que sempre gostou de debater-se no harmonioso onde reinam as paisagens belas, flores, bichos, carinhos, aroma, luz, calmaria e, tudo que contrabalance com os contragostos da vida tornar-se carente de criatividade e me coloca em fuga...

Fui imensuravelmente tola em momentos da minha vida quando fui crédula e amante do bem. Fui tantas vezes embebecida pelos bons tratos e embrutecida por incompreensões e ingratidões.

E todas essas coisas me fazem compreender e confirmar que eu sou uma fagulha numa infinita amplidão. Tão rápida sua claridade que de repente se torna inexistente.

                         
                                                                                                                                    Clara3amores®

terça-feira, 30 de junho de 2015

NOITE FRIA



                                                                                   
                                                                             





Gostaria de estar em todas as tuas noites
No lugar em que deitas, descansas e pensas
Abraçar teu ninho e aconchegar-me nele
E sentir responder-me aos meus apelos
Nos entre laços de abraços, de abraços, em abraços
Em uma cama morninha de uma noite fria lá fora
Onde os incontáveis beijos não se contam
E que depois de tudo, TUDO
Fosse apenas simplesmente
O resultado de uma espera por ti
Ao cair da noite
Para voltarmos ao nosso ninho.
                           

                                                       Clara3amores®

terça-feira, 26 de maio de 2015

O QUE CABE NUM CORAÇÃO



                                                                                 




Pensar no que pode transformar nossas emoções mais íntimas se torna inviável diante de nossas circunstâncias e condições. Existem pessoas que têm uma visão tão clara, predisposição de todos os dias recriarem o dia ao acordarem e correrem para dentro de sua rotina com uma nova perspectiva. Parece-me estranho alguém dentro de uma rotina se recriarem.

As tolas coisas que escrevo às quais penso sempre estão ligadas ao coração. As coisas que vejo ao meu redor, na televisão, na internet, em minha alma. Sofro, critico, sorrio, esbravejo, elogio, me enterneço, e na sucessiva lista de emoções sinto o quanto um coração pode ser forte por suportar uma carga tão grande de vida!
Tenho visto comportamentos fabulosos diante de tudo que vivo, tenho visto também comportamentos inexpressívos e outros inexplicáveis e outros ainda incompreensíveis e sem razão, e o meu coração vai guardando esses como se ele fosse infinitamente grande.

Vejo que o coração pode ser também tão surpreendente que a seu tempo suporta as intemperes e as alegrias como as estações do ano. Um membro mais ou menos do tamanho de uma mão fechada em punho acumula claridade, luz, calor e esplendor do verão, flores e ar fresco da primavera, rajadas de ventos fortes que derrubam as folhas das arvores, céu triste e nublado do outono e tempestades, frio, céu cinzento e triste, e a humidade como a do inverno. E penso de novo que vivemos o que temos para viver.

E a alma nunca fica farta da vontade de viver e de se realizar porque o coração é tão grande e forte que vai ciclicamente de uma estação a outra até o dia  em que ele resolve não mais bater.

Pode-se dizer que assim viveram e vivem os mortais celebres e os não notórios. Simplesmente os humanos!


                                                                                                      Clara3amores®