“O transe poético é o experimento de uma realidade anterior a você. Ela te observa e te ama. Isto é sagrado. É de Deus. É seu próprio olhar pondo nas coisas uma claridade inefável. Tentar dizê-la é o labor do poeta."
Adélia Prado
Como
pode alguém escrever se antes algo não lhe tocou, não lhe abriu o coração para
uma questão que sincronizou sua sensibilidade com uma situação, natureza,
emoção, objeto inspirador? Concordo plenamente com Adélia Prado. A
criança, flores, sorriso, música, paisagens com seus encantos de arvores, mato,
relva, pinheiros, formam um composto de inspiração e tantas outras coisas
lindas, bichinhos, micro organismos são tão encantadores que só os ignorantes
não conseguem ver beleza pungente nessas vidas.
Leão Tolstói depois de ter chegado ao
“topo da glória” de ser um dos escritores mais conhecidos do mundo, com suas
obras literárias mescladas de realidade e ficção, como ele mesmo disse de
maneira linda e prosaica, depois de ter usufruído do apogeu da aristocracia
russa ele escreveu: “passei por muita coisa na vida e agora penso que encontrei
o que é necessário para felicidade. Uma vida tranquila e isolada no campo, com
a possibilidade de ser útil à gente para quem é fácil fazer o bem e que não
está acostumada que o façam; depois trabalhar em algo que se espera utilidade;
depois descanso, natureza livros, música, amor pelo próximo. Essa é a minha
ideia de felicidade. E depois, no topo de tudo isso, você como companheira, e
filhos talvez... o que mais pode o coração
de um homem pode desejar?
Mesmo querendo deixar formalmente sua
vida de escritor, o que Adélia Prado quis dizer com transe poético são insights
de momentos que tocam a sensibilidade e em palavras a ideia toma forma escrita
seja qual for à modalidade. Leão Tolstói jamais deixaria ou perderia esse dom.
Hoje pensei em livros que li dele,
sempre muito nostálgicos, como o dia e a noite de hoje, chuvosos.
Tenho absoluta certeza que bem poucas
pessoas sentem isso, e se sentem não expressam "OS TEMAS MAS DIFÍCEIS PODEM SER EXPLICADOS PARA UM HOMEM DE RACIOCÍNEO MAIS LENTO, SE ELE AINDA NÃO FORMULOU QUALQUER IDEIA SOBRE ELES, MAS A COISA MAIS SIMPLES NÃO PODE SER ESCLARECIDA PARA O HOMEM MAIS INTELIGENTE, SE ELE ESTÁ FIRMEMENTE CONVENCIDO DE QUE ELE JÁ SABE, SEM SOMBRA DE DUVIDA, O QUE É COLOCADO."
AIMÉE TALVEZ TEMESSE ... SERIA ELE UM DON QUIXOTE DOS TEMPOS MODERNOS?
TELAS MARAVILHOSAMENTE BELAS DE LOUIS MARIE SCHRYVER
Estando aqui
em meu recôndito quarto com tua ultima mensagem em minhas mãos a profitante alusão
dos meus olhos. Deixando-me sentir também o soçobrar das ansiedades que dizes
que são oriundas, que sobejamente faz-me sentir nessas veleidades de tuas
próprias reticencias que não podes denegar. Jamais precisaríamos de altercação
nenhuma, porque o conheci dizendo-se franco. Aliás, numa condição azáfama. Só resta
saber em que lado mais pesa, se uma onisciência existe realmente.
Saibais que para mim é imergir do
vazio quando não estou como agora, com uma das tuas mensagens em minhas mãos. Vastas inquietudes...
Palavras de Mário Quitana. Independente
de ter sido ele que tenha dito isso ou não, é um sofrimento exaustivo e penoso.
Como poderia dizer um amigo, um sentimento elucubra. Para pessoas como eu que
estou sempre querendo ver o que há de melhor na vida eu luto contra esse
processo que para mim já se tornou um desafio. Uma pessoa qualificada em poder
falar desse assunto disse que meu caráter briga com minhas limitações sempre
mostrando que ao menos posso supera-la. Essa tristeza não é igual às outras
não. Ela às vezes por algum motivo é interrompida por algo que até hoje não consigo
dizer o que, mais depois ela retorna como quisesse dizer “eu sou sua”. Mas sempre
fui assim. A diferença de hoje, é que antes eu tinha muitos motivos que me
davam fôlego e graça para viver, e esse sentimento que às vezes assume ar
poético se torna um estorvo.
Essa tristeza também parece que ela
existe por eu ver algumas coisas sutis que não são óbvias, não estão expostas e
essa sutilidade, no caso para mim, não existe porque eu estou vendo algo que me
entristece.
Existe um lugar lindo que gosto muito de
ir, se eu for lá num dia de sol eu fico feliz, encantada. Se eu for num dia
apenas nublado, me sinto sem energia, triste e melancólica, apagada, fosca como
um candeeiro sem gás. Avida fica sem importância. E com essa companhia indesejada
comigo está indo o meu tempo.
Tento não aprisionar ninguém nesse meu
labirinto. Gosto da felicidade porque conheço seu sabor e valor, porém não
divido isso com ninguém. Gostaria sim de distribuir felicidade. Todos os dias
reconheço toda benevolência inefável de Deus e sigo entre às coisas belas que o
homem promove e por outro lado destrói. O homem tem o poder do eufemismo, como
fez Mario Quitana para tornar uma dor em categoria poética. É nisso, é onde o
meu caráter briga, porque eu consigo enxergar isso como ele enxerga. A beleza
onde é difícil encontrá-la e poetizar!
Escrever às 3hrs da manhã
não é uma coisa comum mas talvez até seja para alguns não significando que seja bom porém é preciso que a vida tenha tom preto e branco na paisagem se superou e pintar uma tela sempre me fascinou e cores cálidas, palidas, quentes e frias em meus sentimentos sempre se adequou.
Gostaria tanto de saber a cor da injustiça,
porque existe cor, para tudo que a nossa sociedade falida em que nós vivemos quer
nos engodar. Lutadores sem causas porque as causas são ignoradas. Uma parte, inofensiva e sem noção querem
chamar a atenção do mundo para eles numa questão que não é da conta de ninguém,
é uma intimidade deles, de quem tem esse distúrbio ou essa condição.
Até hoje nunca vi casais, homem e mulher
reivindicarem seus direitos de casarem, viverem juntos ou se amancebarem. Talvez
eu não esteja sabendo nem o que estou dizendo sobre este assunto, mas o que me
incomoda são as pessoas más que são perversas, como os homofóbicos, em não
respeitá-los nas ruas ou em qualquer lugar. Mas o que eu não entendo também é
se eles querem ficar numa posição da normalidade, eles precisariam agir como normais
assim como os casais normais agem.
Porque são tão espetaculosos e são
levados a pódios com coroa de louros e tudo, os que já sairam do anonimato, os que
não são anônimos, e tem sucesso, aí então são endeusados. Será que se eu chagasse
a juntar varias mulheres formando motim gritando: “eu sou uma mulher e daí,
nasci assim não é uma opção, é uma condição” o que iria acontecer? E se eu
chegasse num restaurante ou qualquer lugar público me atracasse com um homem em
beijos excessivos será que o dono do estabelecimento me deixaria continuar ali?
Gente: o que acontece é que o ser humano extrapolou e está a procura do que não
conhecem e querem, precisam inovar em seus prazeres para dizer eu sou feliz. Não
generalizo nada, ok? Mas depois do caso de UMA MULHER DE SUCESSO foram tantos beijos explícitos
entre mulheres que parecia um grito: “quero o sucesso dela”, “quero chamar
atenção também”, porque romântico não é ser guey, mas ser um homem que toda mulher
gostaria de ter como “o cara”, é lamentável uma coisa: que os casais héteros
estão deixando de dar valor ao que realmente é de direito deles. Mas como? Não querem
filhos, muitas vezes são desamáveis, não dão valor à família, e etc. os casais
héteros estão sendo relapsos e a sociedade está mudando bruscamente.
Vou dar um exemplo da nossa história. Os nossos afros brasileiros sofreram muito,
mas muito mesmo nas mãos dos senhores feudais, sofreram muito mesmo e eles não
tinham direito algum de lutar por seus direitos. Para mim depois da perseguição
aos cristãos, as maiores vítimas que houve foram o holocausto e a escravidão
que era uma forma de holocausto também. Quando houve a abolição da escravatura,
os afros estavam tão sofridos, tão injustiçados, tão violentados (literalmente
em relação às escravas também), por torturas ignominiosas e ultrajantes que
eles saíram das fazendas a ermo abrindo o caminho para os imigrantes italianos
e outros, podendo receber pelo seu trabalho se ficassem, mas eu me pondo no
lugar deles consigo entender como quão duro seria olhar e encarar seus algozes.
Sei que um caso que não tem nada haver com o
outro, porém para ser sincera eu relaciono que assim como os afros não pensaram
no futuro assim agem também os casais héteros em relação aos seus compromissos
e reinvidicações de direitos. Estou errada? Poderão dizer então, mas os héteros já não os têm?
Será que tem mesmo como cidadãos? O que vejo na verdade são lutas paralelas,
onde os pais não podem andar abraçados com seus filhos rapazes, poderão ser
atacados como gueys, os discretos sofrem pelos desvairados, e os héteros estão
formando famílias mosaicos, aumentando causas jurídicas em seus desafetos e seus
filhos “como confeito em boca de quem não tem dentes”. Seria muito bom que os
casais héteros dessem um sublime exemplo de natureza humana!
É difícil dizer-te que por ser em teus recados que te sentes bem em ouvir e sentir carinhos
roubados e tão afáveis de maneira impoluta. Não sei dizer-te bem se formalmente no tempo que tens
para pensares em mim consegues convencer-me melhor que teus sentimentos são
fortes. Sempre digo que em tuas expedições pela vida pensas em meus carinhos
muito pouco para tuas noites sem escrever.
Não é uma exigência à toa, mas trata-se
de um conforto mental para quem vive só e esperando nem que seja uma linha
escrita por ti que sabes escrever com erudição e fica a interrogação da intensidade
do teu sentimento.