Livraria Cultura

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

PORQUÊ ÀS VESES SE DIZ SIM AO QUE NÃO SE SABE BEM...

                                                               
               Interessante! Existe uma música que diz que a vida é como um novelinho de lã que vai se formando no decorrer da existência humana. Neste novelinho juntam-se todos os acontecimentos de nossa vida, momentos bons, ruins, memoráveis, até pessoas estão coladinhas neste novelinho, aos quais respondemos "sim" sem entender porque a resposta foi esta quando o novelinho já está quase formado pelo tempo.
              Quando o novelinho está sendo formado como chumaço de algodão ao vento, estamos simplesmente envolvidos nessa complexa formação de decisões ao qual existem sucessivas respostas. Não podemos desmanchar o novelinho porque, como chumaço de algodão, se tirarmos por pequena que for uma parte, podemos tirar também parte em que nossas respostas estão conscientes e fica complicado porque existem coisas que não queremos perder no tempo. Eu particularmente prefiro ignorar meus"sins" inocentemente respondidos, porque não posso retirá-lo do novelinho que precisa continuar sendo formado pelo tempo.
              Na verdade, acreditamos no sim que estamos respondendo. Mas o problema é se a quem estamos respondendo não os valoriza e não é importante para o novelinho de sua existência.
               Hoje, quando a saudade invade meu coração e lembro das pessoas que disseram "sim" à existência do novelinho da minha existência e que já não estão comigo, agradeço por terem dito "sim" à minha formação no íntimo, sabendo que responderia novamente "sim" à dor de um nascimento. Por terem dito "sim" às preocupaçãoes, despesas e cuidados que estavam coladinhos no novelinho da existência dessas pessoas. Como também de grandes amigos que já não estão mais aqui e que disseram "sim" à minha inexperiência da pouca idade, e me aderiram aos novelinhos de suas existências e por sua vez enriquecendo a minha.
              Eu sinto que o coração de uma pessoa é o que ela pode ter de mais precioso. (Quando digo o coração, é alguma outra coisa dentro de nós que não sei o quê) Eu sinto que é algo que pode ser trabalhado, esculpido, formado para o bom ou para o mau, para a parcimônia ou para a generosidade, para alcançar o entendimento ou ficar mergulhado no nada, continuar magoado ou evoluir os sentimentos.
             Eu sinto muita saudade, uma saudade latente, quase uma necessidade urgente de abraçá-los, sorrir com as paisagens, sentar num alto e sentir a brisa de manhã no meu rosto jovem e olhá-lo e ver um sorriso largo num rosto maduro, experiente e amável. São estas lembranças que no bom sentido me dão orgulho de ter a identidade que tenho, digitais únicas iguais as minhas lembranças, sobreviver a quem me fere, me magoa, me fazendo sentir pena de quem não me enxerga, e que no passado pode até ter me dito "sim" e hoje me renega numa hipócrita aceitação ou obrigado por alguma necessidade.


                 Somos esculpidos por pessoas ao longo de nossa vida, palavras, zelo, apreço.      




                                                                                
                               Que o sim seja sim e seja permanente e que não seja nunca trivial.

                                                                                                clara3amores

SAUDADE DE QUEM NÃO CONHECI / DJAVAN

                                                                         


         Desde adolescente quando eu lia os romances clássicos, eu sentia saudade dos atores que eu não conheci. E durante as tardes no meu lugar de refúgio" eu lia e ficava sonhando com eles. Como se podia  morrer de amor?
         Álvares de Azevedo, que escreveu "Lira dos 20 Anos"  faleceu com esta idade, depois de escrever tantas coisas lindas. Esta tarde me apercebo desta estrofe que chega como uma brisa de saudade à minha mente: "Respiro o vento e vivo de perfumes/ No murmúrio das folhas das mangueiras nas noites de luar/ Aqui me debruço/ E a lua enche de amor a minha esteira".
         Esta saudade de quem não conheci faz parte de um sentimento que quase todas as pessoas sentem quando elas vivem mais um pouco e percebem que ficaram lacunas em suas vidas que não foram preenchidas e que fatidicamente elas não poderiam ser ignoradas.
        "Respiro o vento e vivo de perfumes no murmúrio das folhas das mangueiras
         Nas noites de luar aqui descanso e a lua enche de amor minha esteira".
         Álvares de Azevedo pouco tempo depois morre mergulhado em seus sonhos excluso em sua esteira.

Alvares de azevedo e sua Lira dos vinte anos
                                                                          

Para mim o escritor mais bonito,Visconde de Taunay e sua "Inocência".
                                                                             

Bernardo Guimarães com seu polêmico "O Seminarista" e "Escrava Isaura".
Tantos outros que sonharam em sua nau, e deixaram sonhos para outros sonharem.

                                                                                                   clara3amores®

TODO DIA A GENTE APRENDE... / EU SEI




       Sabe o que é chorar por 3 anos seguidos, sempre por depressão, por um motivo real, que quando passa a gente pensa ou pode pensar: "Eu podia encarar de forma diferente." Depois que passa a gente sempre pode tudo. Na dor literalmente a gente se curava.
       Não sei porque eu estou sempre voltada a escrever sobre minhas experiências, sobre meus sentimentos e minha essência.
        Passados estes 3 anos sofridos por uma rejeição, um momento na madrugada eu disse: "Eu não suporto mais. Eu não vou conseguir resistir. Quero morrer". E eu percebi que havia chegado ao ultrapasse do meu máximo. Na realidade, no dia seguinte eu consegui já ver o céu azul com nuvens menos carregadas.   
        Eu acho quase impossível que uma mãe de verdade não é mãe se não passar determinadas experiências que ponham a ferro e fogo seu amor por seus filhos. Tudo é muito simples agora. A aceitação, mesmo na dor, é sumária para uma compensação posterior.
         Quando eu estava vivendo dentro desses anos difíceis, alguém me mandou uma mensagem muito bonitinha, mas de um sentido profundo e que foi um carinho ao meu coração:
          "Por que você está chorando?" - Perguntou um filho a sua mãe.
          "Porque sou mãe" - respondeu ela.
          "Eu não entendo" - o filho replicou.
           Ela apenas o abraçou e sussurrou: "Você nunca entenderá, meu filho".
           O menino tornou-se homem e ainda se perguntava porque ainda por volta e meia as mães se entristecem e choram. Este filho era um bom homem. Seu espírito não era frívolo. Ele nunca esperava ver um dia a mãe apática, velha, sem vaidades, mas como sempre cheia de amor e caiu uma lágrima discreta de seus olhos. Ele segurou sua mão, cheio de coragem e perguntou:
           "Mãe, por que volta e meia as mães choram?"
            Ela respondeu: "Sabe filho, as mães que têm coragem de dar a vida por seus filhos têm algo especial dado por Deus para cumprir sua missão de ser mãe. * Elas receberam ombros fortes o suficiente para o peso do mundo e ainda suficientemente confortáveis para dar apoio. * Força para a hora do nascimento dos filhos e para suportar a rejeição que tantas vezes vem deles. *Afilbra que permite a continuação da luta quando todos em volta já desistiram. *A sensibilidade de amar diante de quaisquer circunstâncias, mesmo que eles a tenham magoado profundamente".
            Recebi esta mensagem no dia 17/11/2006. Quando eu a li, percebi que a pessoa que me mandou a mensagem entendia um pouco de mim e do meu jeito e ser mãe.
                                                                            
                                                                             


                                                                                                  clara3amores

REVIVENDO UM SONHO / O DIVÃ

                                                                       
           Na sala de televisão da minha casa tem várias fotos, minhas com a família. Num pedacinho de parede eu coloquei umas fotos minhas de quando eu não tinha nem um ano de idade. Estas fotos também tenho no meu álbum, só que as do álbum estão completas porque não estou sozinha, mas estou com uma criança da mesma idade que a minha - menos de um ano. E amo olhar para estas fotos! Eu sinto um profundo sentimento, que minha vida teve um percurso e eu nunca estive só. Eu acho que até gosto muito da música"O Divã", de Roberto Carlos, porque retrata um pouco do que eu sinto hoje como adulta.
            "... MInha casa era modesta mas eu estava seguro/ Não tinha medo de nada/ Não tinha medo do escuro/ Não temia trovoadas/ Meus irmãos em minha volta e meu pai sempre de volta trazia o suor no rosto/Nenhum dinheiro no bolso/Mas trazia esperança..."
            E a vida vai passando, passando e quando vemos... Para mim não é bom tercer comentários! Chega a doer.
            Bem, eu tive um sonho. Um sonho tão forte, tão verdadeiro! Eu estava vivendo no tempo dessas fotos em que eu era tão pequena e eu os revivi, podendo assim dizer. Eu estava tão feliz por estar naquele lugar! No sonho eu sentia o tecido do meu vestidinho tocar minha pele, sentia minha mão na calçada áspera, pórém, varridinha, e a cor de um cimento mais branco como geralmente é quando a calçada é novinha.
            Mamãe estava sentada numa cadeira que era a cadeira da mesa, encostada na parede da casa, nos olhando e eu me sentia ofegante com o esforço de brincar e andar ainda sem saber muito bem. E de vez em quando mamãe me puxava carinhosamente e me dava uns cheirinhos discretos, mal encostando seu nariz em minha cabeça. Interessante! Esta forma de mamãe acarinhar era só dela. Seus abraços eram calorosos, confortáveis, quentes, mas não eram apertados. Seus cheiros e seus beijos eram suaves, mas aqueciam. E eu não consigo compreender como num sonho eu revivi algo que eu não me lembro.
            Tive uma noite mal dormida e quando eu acordei já era de manhã, mas eu dormi de novo, e foi num espaço de tempo muito pequeno que eu tive este sonho e quando eu acordei eu chorei tanto, mais tanto, porque eu não queria ser adulta, não queria nunca ter existido ou eu queria ter ficado só naquele tempo. E fiquei muito abalada com este sonho porque não consigo compreender, como já disse, coisas que eu não lembrava e que este belíssimo sonho cheio de ternura me fez reviver. Este sonho foi para mim a configuração que tudo hoje é muito diferente; a sociedade humana está totalmente caricaturada: caricatura de mãe. Caricatura de filho. Caricatura de família. Não estou generalizando mas acredito que na maioria dos casos é assim mesmo. Pouquíssimo hoje em dia se pode contemplar a ternura, o desvelo ou a obediência reverente de um "sim, mamãe; sim, papai".

                                                                                  
                                                                                 
                                                                               
                          As boas mães sempre serão retratadas como uma obra de arte assim determinou Deus aos pintores clássicos, aos modernos e conteporâneos onde pode ser retratada toda uma ternura que não envelhece.

                                                                                                CLARA3AMORES

NEM SEMPRE QUERER É PODER

                                                                        
                                                                                
           Nós, quando projetamos nossas vidas com quem nós conhecemos e amamos, às vezes até à distância ou até mesmo pertinho, nunca nem jamais pensamos tampouco acreditamos que nada, absolutamente nada, está em nosso projeto, certo que não irá dar nada para trás. Isso é o que nós projetamos e não acreditamos que vá ser assim. Bobagem! Alguns levam isso numa boa. Qual é? Tenho algum poder nesta ou sobre esta vida? Que ridículo! Todo mundo ou pelo menos a maioria das pessoas que estou entre elas, precisam acalmar sua alma porque você não encontra respostas e quando as encontra não é a que você quer ver ou sentir, precisando de uma "pilulazinha amiga" que lhe ofereça certa certo conforto mental. Mas quando eu olho para mim mesma, eu vivi muito tempo dando cabo das minhas responsabilidades de adulta com plena cabeça juvenil e a maior parte do tempo sem um entendimento certo (quero dizer adulto) das coisas que aconteciam ao meu redor, meu casamento, meus filhos, conviver com pessoas tão diferentes da minha formação familiar, com medo o tempo todo porque aquele mundo não era o meu. E como Bruno Gouveia (cantor pop/rock), eu tinha apenas 18 anos. Eu tinha umas coisas muito fortes ao meu favor, minha vontade de vencer e dentro dos meus padrões morais eu consegui vencer!
           Passaram-se 31 anos exatos e eu não consegui obter resposta. Eu estou perdendo ansiedade ao tempo de emergência porque o tempo por si só desvenda, derruba, constrói, mata sentimentos e os faz ressurgir de novo, acrescenta e diminui coisas e nós nunca sabemos se ele nos escolhe ou se o escolhemos.
 Mas o tempo que vivi me faz entender que algumas respostas chegam em tempos inesperados.



                                                       Que nem sempre querer é poder!