Às vezes nas minhas inquietações, eu não consigo entender tantas coisas (como sempre), que eu penso que a grande importância é só pra mim. Às vezes, ou quase sempre, eu me sinto solta como um feto sem placenta, sem estar ligado a nada nem a ninguém. Talvez porque os relacionamentos humanos são cheios de avarias, sem boa vontade. Hoje parece que estou em regressão. Estou num momento que não me sinto segura. Às vezes uma frase me desestrutura (é preciso ser forte). Eu estou sempre aconselhando a mim mesma: siga, vá em frente, tenha coragem, tenha raça, se não for, imite um puro sangue, toda estrada termina.
Aí é que o bicho pega! Tenho medo de onde tudo termina! Minha fé me segura e me faz perguntar: existe alguém que sinta isso? Ao mesmo tempo eu respondo. Tenho meus princípios e estes princípios me fazem ter força nesses momentos.
Alguém pode pensar de que momentos estou falando. Estou falando desses momentos buliçosos, de impaciência, uma trança no peito que prende minha respiração e eu sinto necessidade do cordão umbilical, porque preciso respirar. Aí eu sinto uma raiva involuntária. Aí está a minha regressão. Quero ser feliz! Mas feliz como? Nesse exato momento estou procurando saber.
Vou aceitando viver assim, porque mesmo assim é bom! Não sabendo de nada, apenas o que nos é revelado. Não sabendo de nada, precisando de respostas, precisando de coisas palpáveis porque nem sempre “o essencial é invisível aos olhos”. E vou precisando, precisando...
Dia em que ouvi algo que eu não gostaria de ter ouvido. É tão chato! É. Mas de vez em quando acontece com todo mundo. CLARA3AMORES
Hoje foi um dia tão bom! Daqueles que parece que as almas estão misturadas se alegrando juntas. Passear na cidade é um lazer pra mim! Sinto-me alegre em ver tantas coisas coloridas, bijous, coisas pra casa, multi-utensílios, coisas que eu via quando eu era criança. É certo que o centro do Recife está uma cidade abandonada. A Av. Guararapes que era tão exuberante com os Correios e o prédio de junto onde havia a Farmácia São Judas Tadeu e uma agência de viagens, onde os pilares do prédio são ainda de mármore cor-de-rosa, mas sujos, sem uma atenção pelos anos áureos. O Savoy, o prédio do antigo Trianon, envergonha a cidade, a pracinha do Diário é uma verdadeira sulanca (não tenho nada contra sulanca), nun lugar inapropriado. O Diário, o próprio Diário, onde tantas notícias da Veneza brasileira foram editadas com tanto entusiasmo dos movimentos abolicionistas, sobre a sociedade, movimentos trabalhistas, ao abandono, como gente desprezada ao relento e à sua sorte. Falei já do Savoy. Falar dele nunca é demais! Ruas tão lindas, como a do Sossego, Ninfas, Soledade! Desgraçaram a Av. Conde da Boa Vista. Políticos sem escrúpulos! Inventaram coisas, em aumentar coisas, no dito popular, “camumbembe”, para se apropriar e tirar proveito das licitações. Ai de nós se não fosse Maurício de Nassau que deixou pontes lindas que o Rio Capibaribe pode serpentear por elas mesmo ofegante e sujo. É tão revoltante que é difícil falar! Pôxa! Será que esses políticos, sim, os vereadores não têm vergonha do que fazem (aumentar seus salários como querem) e do que não fazem (olhar pelos menos favorecidos, olhar para seu redor e ver o transtorno por usarem o dinheiro do povo cinicamente)? Quem for a Palmares, cidades vizinhas, vê claramente o retrato deles. Reflete a mentira, propaganda enganosa e tudo mais de ruim. Da capital ao sertão, tantas coisas a desejar. Eu sei que ninguém mudará isso. Na mensagem anterior falei sobre isso. “Vou embora pra Parságada”. Hoje realmente tive um dia muito especial e bom, mas não sou cega! CLARA3AMORES
Tudo está ficando muito complicado no mundo. Manter a neutralidade é difícil! Eu não tenho como manter, mas me esforço muito, porque eu formo uma opnião própria no meu íntimo e eu não contenho meus palpites. Sei que isso não é bom. A humanidade já experimentou vários tipos de governos, verdadeiros desfiles de governos o mundo espectou a todos e todos falharam! Quando assistimos aos jornais ficamos pasmos com tudo o que é ruim, mas não choca as pessoas como antes. Isso significa que o coração das pessoas se acostumou com as desgraças e se tornaram frias. “Não sendo comigo...” Se já é difícil ser feliz fazendo o que é certo, nós ficamos a vias de fato com as decepções e com tudo o que pode nos chocar, surpreender. Mas mesmo sendo assim vale a pena ser bom. Eu sei que são medidas paliativas, mas eu gostaria muito de ajudar as pessoas fazendo-as entender que tudo é transitório! Quando eu tinha menos de 40 anos eu não me achava com essa idade. Eu pouco me importava com isso e tampouco isso era motivo de preocupação. O ditado popular diz que começamos a viver aos 40. Então D. Pedro morreu bebê! E se ele morreu, se não me engano na exatidão, ele morreu aos 44 anos. Que bebêzinho! Comecei falando em neutralidade. Como posso ficar sem dar opinião num assunto desses? Como posso aceitar o que os pedagogos estão incutindo na mente das pessoas que os pais devem ser amigos dos filhos? Eu preciso dizer que amigo é amigo, pai é pai, mãe é mãe. Os pais são a supremacia depois de Deus. Se eu for verdadeiramente ser mãe dos meus filhos, eu estarei amando a toda hora, disponível a toda hora, mesmo de longe tentando ajustar os passos deles; se adoecerem e precisarem de mim, terei que consolá-los e cuidar com desvelo. Que amigo age assim? Fora ser o mais difícil. O air bag deles, ou pára-choque, ou seja lá o que for para protegê-los, embora saiba que nem sempre conseguimos. Manter neutralidade é complicado porque quando não podemos agir, falar, nosso íntimo estremece. Estremece com a política; estremece com a política injusta; estremece com os mentirosos; estremece com as propagandas enganosas de projetos sociais e políticos; estremece com o uso dos rostinhos de crianças famintas e subdesenvolvidas das propagandas eleitorais que quase sempre se alimentam de lixões das capitais para sobreviver. Gente! Se todos entendessem que homem nenhum conseguiria colocar no eixo ou sarar essas feridas existentes NO MUNDO, porque todos mentem, todos são gatunos experientes na ação. Mas eu tenho uma coisa muito preciosa, um tesouro inigualável, que eu atrofio essa necessidade de aversão e neutralidade. Minha fé. Tenho que manter minha neutralidade por ela, pelo meu bem mais precioso, porque nenhum homem conseguirá extinguir o mal, por melhor que forem suas intenções. Levando em consideração a fé, ela promoverá em mim sempre a certeza de quem em breve não se falará nada a respeito de neutralidade, simplesmente porque não precisará. Terminarei esta página com uma pronunciação que foi escrita há muitos anos atrás para um futuro e este futuro está bem próximo. Não por causa dos meus estremecimentos, mas simplesmente porque acredito e isto é lindo demais! Está escrito no Best-seller que nunca sairá do topo, a Bíblia. “E a justiça terá de mostrarser o cinto dos seus quadris, e a fidelidade, o cinto de seus lombos”. Isaías 11:5. Meu amado governante será este, o Deus que não conhece a mentira nem a parcialidade. “Procurarei a perdida e trarei de volta a dispersa, e pensarei a ferida e fortalecerei a doentia...” Ezequiel 34:1 É tão lindo isso, tão prosaico, mas é uma realidade que quer crer irá viver nesta situação de amparo. Quem não crer não viverá mas verá e de alguma forma reconhecerá o governo, a Presidência perfeita desse Governante amoroso. CLARA3AMORES
Ouvindo esta arte do falar de um pernambucano jovem, eu sorri muito porque as coisas trágicas que acontecem nos jornais locais, ele no stand-up comedy, com um português bom, um sotaque forte, conseguiu transformar situações trágicas em engraçadas. Eu vim perceber que entre a tragédia e a comédia, para os que podem, depende de como se ver e encara. Isto está longe de mim! Mas o stand-up é uma crônica engraçada de qualquer situação de alguém.
Observar as minúcias sociais, econômicas, familiares, que o stand-up comedy explora tanto, é preciso ser observador o bastante para transformar a reação de uma pessoa, de uma situação íntima, trágica, perturbadora, para ilária. Como por exemplo dos silicones mal aplicados, pobreza, crianças inconvenientes, homens mal-educados, barangas, ambientes sóbrios, eles têm o talento de transformar também e por aí vai.
Não estou sendo bairrista, mas este a que assisti num programa de TV, me chamou a atenção e me fez ver que o stand-up é uma crônica bem feita dos infortúnios da vida em situações engraçadas, mostrando para o mundo que assim que a humanidade dá um jeitinho de superar e viver em cima disso. Na minha opinião, quando não há apelação, imoralidade, irreverência a idosos, pessoas especiais e crianças, parabéns aos artistas! Se for pernambucano como este, ô!!! O Pardal.
Quando nós somos crianças gostamos muito de brincar de “faz de conta”. Fazemos de conta que a boneca é nossa filhinha, que a cadeira de balanço de nossos pais é o nosso carro, que o guarda-roupas é um esconderijo ou um elevador, e em tudo do mundo dos adultos nós podemos trazer até nós com a criatividade de uma criança. Mas na proporção que crescemos como adultos (não como gente ou pessoa) as coisas, é claro, vão tomando outras formas e outras dimensões.
À medida que vamos tomando consciência das coisas, colocamos a boneca de lado e começamos a exercitar o conselho mais ouvido: “tenha consciência”. A partir daí tudo vai tomando outra forma. Pensamos que podemos ser felizes assim como éramos quando brincávamos com a boneca. E às vezes até somos, porque como adultos, não raro estamos raciocinando algo hipotecamente.
Quando eu cresci, logo aprendi a ter consciência, a formas minhas próprias opiniões e fiquei como Carolina (de Chico Buarque) vendo o tempo passar pela janela e ainda me surpreendendo que diferente da minha boneca (Lolita, era esse seu nome) as pessoas se revelam cedo ou mais tarde de uma forma que sou obrigada a “perguntar a não sei quem”, e você é assim? Por que você não me fez pensar diferente? Isso é camuflagem, sabia? Atualmente num dito popular que gira por aí, você me apareceu e deixou mostrar como numa “fina estampa”! E pode acontecer o contrário se não formos policiados por nós mesmos, podemos, sim, nos travestirmos de uma “fina estampa”.
É uma hipótese: pense em alguém que você jamais imaginaria que pudesse lhe dar um bofete e de repente você leva um bofete (nem sempre um bofete é com as mãos. Com palavras também vale.) E aí? Pois é. Mas a verdade, na minha opinião, muitas pessoas têm deixado a oportunidade do aprendizado da vida, que às vezes nos fala de maneira tão simples e não oculta nada. Os atos maus resultarão em coisas ruins. Atos irrefletidos também cobrarão sua conta e a fatura pode ser alta. Os atos bons, choros escondidos, ausente de culpa, mas de decepção mesmo, mais tarde quando a dor passar, poderá usufruir de uma tranquilidade inesperada. Que bom!
Da boneca do passado não podemos sentir tanta saudade assim porque ela foi um trampolim daquilo que fomos, daquilo que somos
De todas as lembranças que tenho da minha linda boneca, a mais importante foi como eu a adquiri. De como ela chegou a mim.
Eu ganhei dois patinhos de uma amiga da minha mãe, Dona Beliza. Um era todo pretinho e o outro mais cinza do que preto. Eu me apeguei tanto a esses patinhos que eu não gostava nem de imaginar em perde-los. Eles estavam crescendo! Andavam muito bonitinhos! Mamãe estava ficando nervosa porque eles não estavam querendo ficar no quintal e queriam entrar na cozinha o tempo todo. Um dia ela me disse:
- “Clarinha, se você quiser eu vendo seus patinhos e compro uma boneca para você.”
Ninguém sabe, mas sofri muito ao responder pra mamãe. Só vinha em minha mente que os patinhos poderiam sofrer, sentir fome, frio, sede e ainda sentir saudade de mim. Somente uma pessoa de uma índole muito crédula achava que aqueles patinhos em algum momento iam pensar em mim em algum momento; sentir saudade. Mas que bom, no momento! Hoje eu não penso assim nem com as pessoas. Nunca, jamais, nem que nós nos arrebentemos, devemos transferir nossas emoções para outra pessoa, tampouco acreditar nisso. A profundidade de sentimento para com os patinhos era só minha! Olha minha primeira lição de relacionamento que só decifro hoje!
Quando eu sinto um medo muito grande, fico muda. Fiquei confusa, e já sentindo a dor da perda.
Mamãe compensou tão bem aquele meu sofrimento que o dia em que fomos à cidade escolher a boneca, eu já não pensava tanto nos patinhos. Quando entramos na Viana Leal, uma das lojas mais chiques do Recife, na sessão de bonecas eu fiquei calada, caladinha, porqueeu estava longe de imaginar a variedade de lindas bonecas. Todas da Estrela. Qualquer uma para mim estava mais do que justa pela troca dos patinhos. Meu Deus! Só as caixas das bonecas eram lindas! Lolita, a que eu escolhi, tinha o nome na caixa. Os olhos dela pareciam de gente, bem azuis, a roupa dela era cor-de-rosa, os cabelos bem lisinhos, como os de chapinha atual, bem loirinhos. Em sua mão uma bolsinha bem charmosa com bob’s, pentinho, escovinha e um cartãozinho garantindo que min há boneca era certificada da Estrela.
Mas o que eu não pensei antes como criança, fico lembrando agora. O dinheiro da venda dos dois patinhos não deu para comprar minha boneca e mamãe pediu emprestado a outra amiga dela para completar o preço. Eu lembro vagamente de eu subindo uma calçada de uma ladeira com o dinheiro na mão para dar a essa senhora.
Foi com essa boneca que mamãe me deu, que eu brinquei e que hoje me fez vir essas lembranças maravilhosas, e que como uma menina que não era rica, meus pensamentos me trazem momentos tão afortunados! Amo você, mamãe. Obrigada.
Já falei muitas vezes porque eu resolvi escrever em um blog, mas eu esqueci de dizer que a vida de uma pessoa pode ser como ela quer ou como ela a faz.
Como pode alguém como poucos recursos ter um vidão? Interessante, eu sempre sinto isso quando eu vejo em algum programa de TV. Como “Cinquenta por Um”, quando Álvaro Graneiro viaja canto a canto do mundo conhecendo seus costumes, gastronomia, paisagens belíssimas, transportes Classe A, tanto marítimo, terrestre, aéreo, e por ser jovem topa todos os esportes radicais, que existe no mundo. Ele é ocara! Eu digo isso porque muitas pessoas que até que viajam muito, jamais terão esta curtição tão vivida. Amo ver o programa dele, mas não invejo nem o desejo, nem o invejo no bom sentido. Talvez por não ter a mesma idade dele? Não. Não acho. Aquele é o trabalho dele. Muitos jornalistas viajam canto a canto do mundo em momentos bons e desfavoráveis, também trabalhando. Alguns têm até livros falando das aventuras vividas.
Numa Bienal do Livro (não lembro o ano), Raquel (Bruna Surfistinha) publicou o livro que escrevia sobre sua vida pregressa e vendeu! Todo mundo que não deitou com ela queria saber o que ela fazia na cama, e ela dizia. O livro se transformou em filme. Eu não li o livro nem assisti ao filme. Mas, vendo algumas entrevistas com ela me veio um desalento, uma perplexidade por saber e não consegui entender ou alcançar a escolha de vida dela. Não é difícil entender a posição da família dela. Sou a favor do perdão de um arrependimento. Mas o tempo passou e ela parece que não mudou a consciência. Diz que mudou de vida, mas continua falando as mesmas coisas, mesmo estando casada. Como pode alguém mudar e continuar falando as mesmas coisas referentes aos episódios que a afastaram da família? Simplesmente porque se casou com um ex-cliente?
Bem, eu estou aqui pra falar porque escrevo num blog, não é isso? Simplesmente porque eu comecei a olhar para os lados. Eu não preciso viajar o mundo, não precisei me deitar com muitos homens, não precisei ser uma das mulheres mais ricas do Brasil (reality show, “Mulheres Ricas”, nem precisei participar do B... Vou nem falar nisso! Porque o tanto que achei minha vida medíocre, agora não acho mais. Para começar, diferente do que meu marido pensa, eu não quero ter nada de muito caro. Eu quero ter as coisas que a Clara normal deseja. Coisas bonitinhas, graciosas, com charme, com estilo, que dê a conotação de gosto feminino, e dizer da minha forma exterior, esta sou eu!
Não é preciso sair de casa para se saber o que acontece. É você olhar para sua família e exercer sempre bons sentimentos já lhes dá a sensação de pular de um bangjump, ou não dá? As pessoas que escrevem em Twitter, Facebook, Orkut, pessoas que dizem que não tem tempo estão lá. Tempo não falta para tanta simploriedade.
Hoje eu vejo, sinto, olho e penso que estas redes sociais poderiam ser bem mais usadas com qualidades, pensamentos ricos, prestação de serviço humano, enriquecedores de mentalidades. Deixo claro que nem todos são usados pela mediocridade. Não sou dona da razão, mas aprecio demais um bom pensamento, um raciocínio lógico, uma frase que dure na cabeça como uma vida latente. A Clara que escreve é a Clara que sou. É a Clara que diz que gosta e a Clara que diz que não gosta. Clara que não tem meio termo.
Houve tempo em que eu pensava que estava rodeada de pessoas incapazes do mal, incapazes de dar rasteiras, incapazes de me julgar o que não sou. Agora não penso assim e continuo a mesma. Só aprendi um pouquinho e uso este espaço para me expressar. É por isso que escrevo, não por ser um exemplo mas por eu ter uma vida e que me orgulho dela.
Os exemplos que eu dou não são exemplos das pessoas ou do que elas fazem ou produzem. De repente eu poderia ser uma boa amiga das pessoas mas não dos atos. E é por isso que eu dei os exemplos que dei; porque eu não os entendo.
Gosto muito de Rita Lee, mas posso dizer que o que ela fez em Aracajú foi legal? Foi proveitoso? Ela perdeu a oportunidade de se colocar simplesmente como uma boa artista que ela é. Mas isso é o que eu penso, mesmo gostando do trabalho dela. Quando digo que me orgulho da minha vida é porque mesmo no anonimato eu consigo ser alguém que no meu mundo enfrento pequenos desafios e mesmo chorando não fujo deles.
Eu aprendi isso nos últimos dias do meu pai. Corriqueiramente pegar um copo d’agua não é nada, mas nos seus últimos momentos para ele era impossível. Assim são muitas coisas que a vida no nosso anonimato nos ensinam e nos fazem sentir que somos “gente”, não simplesmente uma pessoa. *
Chega o momento que as pessoas ao nosso redor, são imprescindíveis, também damos de cara com nós mesmos. Duelando com nós mesmos. Clara X Clara, pensam que é uma novidade do presente? Não. Sempre foi assim. Só que eu percebo que só agora estou de frente comigo mesma, As vezes séria e as vezes rindo como menina, e elas só não gostam de se olhar quando Clara está bem ou desconhece a que ficasem vida, deprimida. Mas dentro do meu mundo sempre será assim: Clara X Clara.
Há muito tempo eu tenho uma amiga. Quando a conheci éramos como se diz hoje, pré-adolescentes. O nosso crescimento como pessoas era muito parecido. E a gente sempre perguntava uma para a outra como deveria ser o nosso futuro. Naquele exato momento estávamos atravessando a Praça 13 de maio porque vínhamos da biblioteca e caminhávamosem direção à Faculdade de Direito.
- Eu vou fazer Direito Ela afirmou isso com muita certeza, e ela conseguiu! Mudou de cidade, casou com um Dr. Odontobucofacial e teve dois filhos. Eu a essa altura do campeonato já tinha meus dois filhos grandinhos, já estava casada há mais tempo que ela. Casei aos 17 anos e ela aos 23. Fui a Natal visitar minha irmã e marquei um encontro com esta amiga no Shopping e conversamos muito. Ela deixou de advogar para cuidar de um filho; o primeiro filho dela, hoje com 23 anos. Fiquei impressionada com o despreendimento dela. As palavras dela foram estas: “Sou enfermeira do meu filho com muito amor e esta profissão não é inferior a nenhuma outra.” O casamento dela terminou quando esse filho tinha 15 anos, e este fato promoveu uma depressão que hoje o atinge com severidade.
Quanto a esse assunto, sobrecarregada com esse problema, ela continuava a mesmíssima pessoa que eu conhecia, a mesma amiga, a mesma pessoa! Percebi que ela estava totalmente inteirada ao assunto e estava ajudando o filho com uma maestria própria dela. Quantas besteiras superficiais, quantos conceitos e quantos pensamentos que só são soluções nas páginas dos livros! Na maioria dos casos é assim mesmo! Eu sei que é e ponto final. Nenhum livro de auto-ajuda cura uma depressão endógena. A partir do momento que o gatilho é disparado num momento que foi crucial em agredir sua alma, você terá que aprender a respeitar você mesmo e procurar ajuda médica, porque se não fosse assim Jung e Froid seriam dois idiotas.
Já li muito sobre isso,transtornos psíquicos, mas para mim ninguém pode se buscar na ideologia, experiências, reações, o quê e como lhe afeta algo. Partindo da ideia que cada pessoa tem sua crença, seu campo social e familiar, as coisas que você aprova e desaprova, o que tem o poder de lhe erguer e o que tem o poder de lhe derrubar. São muitas, muitas, muitas e muitas coisas envolvidas!
Por exemplo, esse rapaz que eu mencionei é altamente inteligente, estudioso (atualmente não consegue frequentar a faculdade), gosta de ler a Bíblia, pesquisa sobre o seu problema, anda sempre de mãos dadas com sua maravilhosa mãe.
O meu encontro com ela deixou em mim a certeza que eu sempre tive a seu respeito. Forte, lúcida, corajosa, sobretudo sabe levar as coisas da vida. Aí eu penso, relembrando nós duas atravessando a Praça 13 de maio tão cheias de sonhos, os corações como duas páginas em branco. E eu escrevendo isso vem na minha mente, nem sei o porquê, aquela música de Caetano Veloso:
“O sol nas bancas de revistas Me enche de alegria e preguiça ... Eu vou sem lenço e sem documento, nada nos bolsos ou nas mãos.... Alegria, alegria.”
Eu estou percebendo que estou escrevendo sem a dosagem certa do que me propus. Minhas maneiras de eu ver as coisas seriam mais importantes do que qualquer outra coisa, porque é isso que eu gostaria que ficasse sobre mim. Mas eu estou entendendo agora que é tão difícil realizar isso, porque eu sendo o que sou fica difícil mesmo eu me expor com tanta transparência, como diz a pessoa que confio cortar meus cabelos do meu jeito. Como ele diz, se eu não me deixar transparecer, não sou eu. É aí que tudo se mistura. As coisas em nossa volta mudam mecanicamente. Prédios, rodovias, celulares, computadores, a paisagem, o ar que respiramos e até mesmo corações.
Meu interior, e acredito que o de muitas pessoas não é assim. Somos a menoria em querer conservar o que não podemos. O mais fácil é o descartável e é impossível neste momento se propor um pouco de cautela ao que se pode conservar. Eu posso conservar as coisas que me são tão especiais, importantes e alicerces de valor? Não. Não posso. Houve movimentos fortíssimos na História para se destruir o conservadorismo. Talvez eu estivesse até dentro, mas não, eu acho que não.
Hoje em um mundo em ebulição, eu no fundo sou conservadora. Puxa, isso é tão abrangente! Mas explico. Sou conservadora em criação de filhos, acho lindo o linho passado em goma, gosto mais do clássico, gentilezas, olhando no olho, ocupações domésticas tradicionais, sou contra sacolas plásticas, as obras em livros e filmes fictícios me tiram o sono (estou escrevendo isso e estou vendo na minha mente casais na calçada vendo seus filhos brincarem com terra, correndo para lá e para cá, atrás de outras crianças, casas, ruas e vilas sem prédios ). Eu sou assim, digo isso mais uma vez, mas não digo que estou certa. Sei que milhares de pessoas se beneficiam e até se viciam no estilo de vida atual.
Pelo amor de Deus!! As moças não diferentes dos rapazes se deitam em plena avenida em São Paulo, perto do Masp, com seus cigarros de maconha reivindicando que não coloque policiamento na faculdade de São Paulo depois de haver tanto estupro, assassinato de meninos bons que queriam estudar, tinham projeto na vida, enquanto outros querem liberdade para cruzar ao ar livre e sem interrupção de seguranças. Uso o termo cruzar porque dentro do meu conservadorismo, sexo é outra coisa bem diferente e melhor!
Houve outras greves no país inteiro por passagens de ônibus. Essas foram de cair o queixo!! Quem puder me explique. Como pode se lutar por direito, por justiça, com molecagem, vandalismo, maldade e irreverência? Esses jovens com educação tão peculiar são filhos do quê? Parecem androides do mal. Mas o que está falando (escrevendo) não é meu conservadorismo não, é a visão da minha consciência. E eu fico pensando: esses são os pais e as mães do futuro, se futuro para eles houver!
Gostaria também de registrar que meu conservadorismo não deixa de admirar artes abstratas, filmes de Pedro Almodóvar e as obras esculturais de Brennand que nos impele a crer e ver que o homem é para a mulher assim como a mulher é para o homem, sem existir meio termo.
São manifestações de quem tem a capacidade de expressar o que é, nas pontas dos seus dedos. Aos anônimos ou conhecidos e que não chegaram ao pódio, parabéns!!
Mas o que é complicado, que esses vândalos que falei no começo, eu sei que existem trabalhadores, “feras” que merecem um lugar ao sol também e que o pano de fundo das vidas deles nem sempre são coloridos. Sou conservadora mas não sou burra, apesar de loira!
Não é assim que geralmente dizemos a uma visita? Muitas vezes este “ainda é cedo” vai se estendendo, vai se estendendo até altas horas em agradáveis conversas, risos, abobrinhas e por aí vai... Nas atitudes que tomamos na vida já ouvimos isso, ou “não faça isso, ainda é cedo”. Dentro de mim existe insubordinamente a opnião da relatividade a isto. A “coisa” que mais me desorientou foi a ausência dos meus filhos. O que fui para eles, eles não foram para mim.
A independência dos filhos para algumas mães é um estrangulamento que quando estamos prestes a morrer a corda afrouxa. E nós, dentro dos dessabores da maternidade, não ousamos dizer “não vá. Ainda cedo”, e nós vemos nossos filhos indo, indo, viver suas vidas. Para algumas mães os sofrimento são por tantas perspectivas que tremem na base. E outras são surpreendidas por eles não terem muitas ou terem poucas perspectivas. Isso é um abuso! São tantas controvérsias nesta vida que às vezes ficamos impressionados. Mas o importante é não haver maldade.
Compreensão é o tempero mágico para suportar ideias que estão em nós, e nós por nós mesmos temos de transformá-las pela compreensão. Porque o nosso passado, nesse caso tenho dúvidas, que mesmo que tenhamos experiências, essas são só nossas! Que chato!
Mas o bom da vida é haver essas coisas que doem, mas nos ensinam e nos deixam iguais a todos os humanos: humanos aprendizes. Ninguém é melhor do que ninguém, nem o Eike Batista com toda sua fortuna. Ele se tornou o rapaz mais rico aos 23 anos de idade. E daí? O que faz ele melhor que os outros? Ei gostaria de saber. Ganhar dinheiro?
Tento preservar meus sonhos, acredito em romantismo e preciso dele para me dar alento. Quando digo que não os tenho, lá escondidinho dentro de mim, lá estão eles.
O que eu estou querendo expressar agora, neste momento, entenderá se assistiu ao filme “Proposta Indecente”. O dinheiro, prestígio, muita, muita riqueza não seduziu, nem roubou o amor de uma mulher. Houve conflito mas o amor superou.
Mas o que tem haver “não vá, ainda é cedo”? Essa frase me fazia questionar em que minha experiência poderia servir para meus filhos. Hoje eu vejo que em nada, em bem pouca coisa! Não quero dizer que esta minha experiência, opnião, SOS mãe, seja vivida por todos os todas as famílias ou mulheres que viram os seus filhos, seus maiores bens, seus maiores amores perfeitos, amor doído, sobrepujante, amor reflexo de nós mesmas, isso não há contestação para mim, porque assim também sou eu. Gostaria que fosse diferente, calmo, tranquilo, simples, via de duas mãos, mas não é. O que eu simplesmente gostaria de dizer seria: não vá. Ainda é cedo! Porque o que é concernente a isso nunca será tarde para nós, mães.
Dedico estes pensamentos meio desvairados a Margarida, minha irmã querida, que me fez muitas vezes adormecer de mãos dadas comigo, porque às vezes eu tinha medo do escuro. Mãe zelosa, devotou o amor que poderia ser de tantos, porém, dedicou a um único filho.
Um dia, meu amor, lembra-te quando estivemos aqui pela primeira vez?
Tivemos o mesmo sonho.
Lembra-te, meu amor?
Como as folhas eram verdinhas?
Tantas pelo chão.
Lembra-te, meu amor?
Como elas se tornaram preciosas para mim e para ti.
Apenas folhas, folhas, folhas verdes em seus lugarezinhos tão bem colocadinhas ornamentando as árvores tornando-as frondosas. Jaqueiras, mangueiras, sapotis, fruta-pão, o pé de ingá junto da cerca, lembra-te, meu amor?
Os ventos sacudiam a folhas para lá e para cá, fazendo as folhas maduras caíram ao chão, lembra-te, meu amor?
Havia um pé de araçá que coalhava o chão de tantas frutinhas, lembra-te, meu amor?
Lembra-te também que dizemos “sim” prontamente, mas os nossos corações já haviam respondido por nós dois?
Ah! O tempo e tantas folhas passaram-se. Fizemos nossa casa, nossos filhos cresceram, meu amor.
Estamos aqui e agora. Sinto que às vezes estamos no começo, eu e ti, no canto que escolhemos viver, meu amor.
Acho-te mais bonito agora do que quando nos conhecemos. O amor velou, entre tantos e quantos, nossas vidas, como as folhas... as folhas de nossas árvores e as frutas que continuam tão doces, meu amor.
As entressafras das nossas vidas, igualmente como as das árvores tem se sustentado em suas raízes e tu tens se tornado para mim, o imprescindível, meu amor.
Porque esse é o meu querer, meu desejo, minha noção.
Saber, meu amor? Assim como as folhas se renovam em suas estações, e o meu amor tem se renovado por ti. Entendi de uma vez por todas que isto é o meu valer a pena!
Quero lembrar-te também que nosso amor nos impeliu a plantar nossas acácias, flamboyant, ciprestes, pinheiros e os ipês que nós dois plantamos, como se com essa intenção fosse nos perpetuar nossos sentimentos na nossa atmosfera e nas folhas, meu amor. As folhas, folhas que às vezes inquietas que testemunharam estes 16 anos, dos 31, que já vivemos, momentos de uma vida, da nossa vida, meu amor. Saídas e chegadas para o trabalho, para passeio, buscar e levar filhos, cães ao veterinário, receber e levar visitas, tertúlias embaixo da jaqueira aos sábados, namoro dos nossos filhos, alguns discretos abraços nossos, meu amor, beijos no portão em tuas viagens. “Cuidado. Vai com Deus, meu amor”. Meu querido pai sem a presença da minha mãe embaixo das sombras das árvores. Tudo isso, meu amor, folhas, folhas, folhas, não sei quantas folhas, meu amor, testemunharam tudo isso.