Livraria Cultura

quarta-feira, 3 de julho de 2013

LITERATURA E ILUSÕES / LUZES DA RIBALTA
























 Eu não conseguia entender porque um livro escrito por Alvares de Azevedo pudesse aviltar alguém. Eu já havia lido “Lira dos vinte anos” e ficava impressionada e melancólica por aquele rapaz que escreveu o que vinha a ter escrito em sua lousa. Eu não aceitava o fim fatídico dele e depois eu ser aconselhada “a ler outros”. Eu achava tudo tão lindo, o sofrimento para mim era expresso com tanto requinte que me parecia valer a pena sofrer. Por que adoeciam? E eu sentia um pavor da morte, não queria que minha mãe sofresse, mas morrer de amor para mim era talvez um valer a pena.
E eu ia lendo outros como o “seminarista” que amou tanto sua Margarida! Mas o mal do século com era chamada a tuberculose ceifou a vida de tantos poetas. O interessante que quando eu os lia eu me envolvia tanto que de repente eu às vezes pensava que o protagonista era o autor.
O meu amigo poeta sugeriu que eu tenho natureza fleumática, foi por isso que me veio essas lembranças de mim mesma e do que eu lia. Foram tantos romances que me impressionavam, até os bíblicos também. Deixavam-me calada pensando porque aquilo veio a existir. Para mim com todo sofrimento era lindo, é lindo troca de desejos, pensamentos românticos, palavras, palavras lindas alimentam a alma e os que sentem essa sede, mas que outros podem petrificar perder a sensibilidade natural.
Eu lia tanto que o diretor me colocou para cuidar da biblioteca para eu indicar e depois dizia que eu devorava os livros e saia rindo, eu era uma menina. Alguns ficaram indeléveis, outros como um sonho. Por exemplo, havia uma edição de capa preta, inglesa, edição das moças, antigos. Como eu gostaria de encontrar algum exemplar porque todos eu li para chorar.
E tudo isso eu escrevi por causa da palavra fleumática!

                                     Clara3amores®
                                    Dedico ao poeta    






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