Livraria Cultura

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

PESO LEVE OU LEVE PESO / LEVE



                                                                               




Hoje acordei pensando em alguns pensamentos desse livro tão lido na década de 80. A insustentável leveza do ser. Por sinal, li, mas pela badalação. Mas é preciso viver um pouco para entendê-lo melhor. A República Checa é um tanto melancólica para mim. Sua paisagem de céu cinzento e seu passado político me dava essa impressão. Mas vida é vida em qualquer parte do mundo. Com seus dramas e seus pensadores para nos dá uma alusão até do que não sabemos explicar. Mas Millan Kundera apresentou esse livro ao mundo e agradou com seus pensamentos simples, por vezes, perspicazes e sofisticados. E hoje lembrei-me.
“O mais pesado dos fardos nos esmaga, nos faz dobrar sobre ele, nos esmaga contra o chão. Na poesia amorosa  de todos os séculos, porém, a mulher deseja o peso do corpo masculino ( como Millan sabe disso?). Quanto mais pesado, mas próximo da terra estar nessa vida, mas ela é real e verdadeira.
Por outro lado, a essência total do fardo faz com que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que se torne semirreal, que seus sentimentos sejam tão livres quanto insignificantes”.
E quanto ao amor ele escreve lindo! Não é uma verdade difícil de aceitar! “O amor não se manifesta pelo desejo de fazer amor (esse desejo se aplica a uma série inumerável de mulheres), mas pelo desejo do sono compartilhado este desejo diz respeito a uma só mulher”.
Por tanto também “aquilo que não é consequência de uma escolha não pode ser considerado nem mérito nem fracasso”.
Este pensamento de Millan Kundera sempre me caiu bem: “o seu drama não era o drama do peso, mas o da leveza. O que abatera sobre ela não era o fardo, mas a insustentável leveza do ser”.
Ana Jácomo se referindo ao peso acalenta, leva-nos a bons fluidos, bons pensamentos, boas sensações. Fala do que gosto de sentir, boa saudade. “São saudades de um mundo contente feito de um céu estrelado, feito flor abraçada por borboletas. Feito café da tarde com bolinhos de chuva. Onde a gente se sente tranquilo como se descansasse num cafuné. Onde, em vez de nos orgulharmos por carregar tanto peso, a gente se orgulhasse por ser capaz de viver com mais leveza”.
É certo discernir que o peso e a leveza que Ana Jácomo escreve não é a mesma de Millan Kundera. Ele ainda adverte: “... as metáforas são perigosas, não se brinca com metáforas. O amor pode nascer de uma metáfora”, e eu acrescento morrer também!
Quem não leu o livro pode nem estar entendendo o que estou escrevendo, mas raciocinando, pensando direitinho conseguirá entender “A insustentável leveza do ser”.


                                                                Clara3amores®

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