Hoje acordei pensando em
alguns pensamentos desse livro tão lido na década de 80. A insustentável leveza
do ser. Por sinal, li, mas pela badalação. Mas é preciso viver um pouco para
entendê-lo melhor. A República Checa é um tanto melancólica para mim. Sua paisagem
de céu cinzento e seu passado político me dava essa impressão. Mas vida é vida
em qualquer parte do mundo. Com seus dramas e seus pensadores para nos dá uma
alusão até do que não sabemos explicar. Mas Millan Kundera apresentou esse
livro ao mundo e agradou com seus pensamentos simples, por vezes, perspicazes e
sofisticados. E hoje lembrei-me.
“O
mais pesado dos fardos nos esmaga, nos faz dobrar sobre ele, nos esmaga contra
o chão. Na poesia amorosa de todos os
séculos, porém, a mulher deseja o peso do corpo masculino ( como Millan sabe
disso?). Quanto mais pesado, mas próximo da terra estar nessa vida, mas ela é
real e verdadeira.
Por
outro lado, a essência total do fardo faz com que ele voe, se distancie da
terra, do ser terrestre, faz com que se torne semirreal, que seus sentimentos
sejam tão livres quanto insignificantes”.
E quanto ao amor ele escreve
lindo! Não é uma verdade difícil de aceitar! “O amor não se manifesta pelo
desejo de fazer amor (esse desejo se aplica a uma série inumerável de
mulheres), mas pelo desejo do sono compartilhado este desejo diz respeito a uma
só mulher”.
Por tanto também “aquilo que não é consequência de uma
escolha não pode ser considerado nem mérito nem fracasso”.
Este pensamento de Millan Kundera
sempre me caiu bem: “o seu drama não era
o drama do peso, mas o da leveza. O que abatera sobre ela não era o fardo, mas
a insustentável leveza do ser”.
Ana Jácomo se referindo ao
peso acalenta, leva-nos a bons fluidos, bons pensamentos, boas sensações. Fala do
que gosto de sentir, boa saudade. “São
saudades de um mundo contente feito de um céu estrelado, feito flor abraçada
por borboletas. Feito café da tarde com bolinhos de chuva. Onde a gente se
sente tranquilo como se descansasse num cafuné. Onde, em vez de nos orgulharmos
por carregar tanto peso, a gente se orgulhasse por ser capaz de viver com mais
leveza”.
É certo discernir que o peso
e a leveza que Ana Jácomo escreve não é a mesma de Millan Kundera. Ele ainda adverte:
“... as metáforas são perigosas, não se
brinca com metáforas. O amor pode nascer de uma metáfora”, e eu acrescento
morrer também!
Quem não leu o livro pode
nem estar entendendo o que estou escrevendo, mas raciocinando, pensando
direitinho conseguirá entender “A insustentável
leveza do ser”.
Clara3amores®
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