Quem gosta de sofrer?
Pergunta insana e propícia para
todos os mortais.
Todo mundo quer viver livre de
espinhos e abrolhos, ninguém quer infortúnios, incômodos, reveses e por aí em
diante. Algumas pessoas fogem de ajudar outros ou só ajuda os que lhes convém,
não querem sofrer com a solidariedade, altruísmo e generosidade consagrando sua
vida aos descansos, porque são muito cansados do dia a dia. Esses são os que
não querem se ferir com “inconveniências” sociais e humanas. Que pena!
Aqui em Recife um idoso simpático e feliz
treinou cães para ajudar pessoas, especialmente crianças, com transtornos
psicoemocionais. Esse homem não foge da dor nem de olhar para ela. Alguém dos
meus leitores tem noção de como essa dor dói sem serem diagnosticadas por
estetoscópio, radiografia, ressonâncias, nada de palpável diagnostica a doença
psíquica. Esse homem que mencionei respondeu a jornalista que a alegria dele
era ver um sorriso no rosto de quem tem transtornos. Com certeza essa pessoa
sabe o que é transtornos. Ele não tinha medo de sentir a dor e de ver de perto
rostos estranhos e contraídos de dor interna, na alma. Ele conseguia fazê-las
sorrir e isso o feria, mas ele tomava ação.
Outro caso foi de um morador de rua que
foi acolhido em um hospital público com câncer e ali ele ficou até sua morte.
Esse caso tem dois convenientes de transformar a dor, feridas em exemplos de
dignidade. O primeiro, o do morador de rua. É que ele cantava, gostava de
pinturas e músicas clássicas como de Chopin, BAA, todos e os outros “monstros”
da música clássica. Quem o ensinou tamanho gosto tão refinado? O segundo de
quem o amou, mesmo sofrendo em ver o declínio daquela pessoa de sentimentos tão
nobres, dentro de um corpo feio, sofrido e
mesmo assim sorria. Essas pessoas não tiveram medo de lidar com um morador
de rua condenado a morrer com câncer. Bem aventurada seja esta pessoa que o
conduziu ao hospital.
Na verdade
todas as pessoas que se ferem em aceitar
os gemidos de dor seja ela emocional ou física de outras pessoas se transformam sem saber em pérolas. Porque
toda ostra para formar uma pérola dentro de si tem que ser ferida. Que linda
essas pessoas são! E elas não sabem que formam um belíssimo colar de pérolas e
tudo que elas podem formar sem ter medo da dor. Sei que não é fácil
involuntariamente ou voluntariamente aceitar as dores que nos acomete no
percurso da trajetória na vida. São tantas os tipos de feridas. Às vezes uma
cicatriz do passado dói, estar lá, latente, martirizando pessoas, algumas vive
isso com maestria, outras ficam por terra. Na minha humilde opinião os dois
casos são dignos de complacência. Quando a dor chega ela não pergunta: posso me
instalar em você? Você tem raça para me suportar? Não, ela a violenta e a
nocauteia sem misericórdia. Não esqueçam, por favor, que me refiro à dor física
e a emocional.
Conheço pessoas que aprenderam muito com
a dor, no caso, se curvaram, mas se tornaram pessoas melhores, compressivas e
altruístas. Existem casos e casos...!
Gente querida precisei parar, agora, por
duas horas mais ou menos, para receber um amigo que veio me apresentar sua
segunda filhinha por adoção, o primeiro também é adotado, ambos soro positivo.
Será que ele é louco? Inconsequente? Não, ele não tem medo da dor. Ele prefere
pensar em ameniza-la, essa é sua escolha. Será que um homem de 52 anos não
pensa? Pelo que eu o conheço senso de responsabilidade não lhe falta e força
para trabalhar. Isto sugere algo?
“Uma ostra que não foi ferida não produz
pérolas”.
Dedico
esses meus pensamentos a minha irmã Tetê que se feriu num dos atos onde ela
investiu amor, carinho, tempo, zelo, noites em claro. Para mim ela se
transformou numa pérola, isso se ela já não o era!!!!!!
Clara3amores®
Pérolas serão sempre pérolas
Que coisa linda!!! A pérola é acolhida por uma membrana fina, delicada e úmida, resposta à ferida! linda!
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