Livraria Cultura

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

INFÂNCIA JUVENTUDE E VIDA / CARAS LEMBRANÇAS

EU NÃO PRECISAVA TER CRESCIDO PARA GOSTAR DESSA MÚSICA. NEM EU CONSIGO ENTENDER!


                                 
       Acordei um dia, pensando por que não escrever sobre os dois Cearenses, um que gosto e outro que é família, guardado no meu coração, que se destacou também na cultura, por esforços  vigorosos por seu amor quase insano por livros, obras raríssimas, seculares, cuidadas como joias preciosas por ele, cuidando-os desde muito jovem. Muito estudioso, amou, amou os livros e eu vi este homem desde minha infância amar estes livros com uma maneira solitária de amar, como se só ele pudesse ver o real valor das suas relíquias. Amigo também precioso para mim, contribuiu com sua generosidade para comigo, para com meu pai também. Engraçado, papai às vezes não o entendia, “tanta devoção!” Amigo que de cunhado se tornou irmão assim como todos os outros cunhados meus.

          Uma criança nunca esquece os mimos que recebe, é por isso que eu escrevo da posição que a vida me colocou; irmã da pessoa que ele se comprometeu desde os quinze anos de idade. Com dezoito anos casaram-se. E eu? e eu? Daminha de honra puxa! Orgulho-me tanto disso, me enriquece a memória, o plano de fundo da minha vida é salpicado de excelentes lembranças.  

       Esse Cearense é José Augusto Bezerra. Um querido na minha vida.      

Segue o resultado desse amor! Prêmios.











Fotos em família

Ele é o que está com a esposa no colo.
Com toda minha família: irmãs e cunhados.


 Clarissa, Clara, Augusto, esposa e Tetê

Minhas 3 irmãs: Dete no altar com Augusto, Margarida à direita, Dapaz à esquerda, e eu com 4 anos.

     


 


Apaixonado pelos livros, José Augusto Bezerra foi o fundador e primeiro Presidente da Associação Brasileira de Bibliófilos. É Presidente do Instituto do Ceará e Membro da Academia Cearense de Língua Portuguesa e Academia Fortalezense de Letras. Cearense de Alto Santo, entre outros afazeres, dedicou a vida à formação de uma importante biblioteca. Uma história que começou aos 11 anos de idade. Filho de Américo Bezerra Cunha e Maria Joviana Bezerra, casou-se aos 19 anos com Maria Bernadete de Oliveira Bezerra.
É pai de 4 filhos e tem 5 netos. Dois anos depois, entra para a Phillips do Brasil, onde passa mais de duas décadas e teve o trabalho reconhecido com 8 medalhas de ouro. Formado em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Ceará, o executivo de sucesso também foi orador, palestrante e líder no Serviço Voluntário. Escreveu diversos ensaios para importantes antologias e revistas nacionais. É autor de vários livros, sendo o primeiro deles “O Espírito do Sucesso”, um romance épico lançado em 2004. Criou o Memorial Rachel de Queiroz e a Medalha Cultural José Mindlin, da Associação Brasileira de Bibliófilos.
Realizou várias exposições de livros, edições raras, além de ter organizado a feira do sebo e encontros nacionais de bibliófilos. Entre outras atividades realizadas na área cultural, estão a conclusão do Memorial Barão de Studart; criação de hemeroteca com jornais dos séculos XIX e XX, do Ceará, considerada uma das melhores do Nordeste; criação do laboratório de restauração e encadernação de obras raras do Instituto do Ceará.
A vasta biblioteca do agraciado é consultada por inúmeros intelectuais e foi visitada por estudiosos como Aurélio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre. A biblioteca reúne 27.000 volumes raros e tem coleções expressivas em várias áreas do conhecimento: literatura infantil, língua tupi-guarani, manuscritos sobre o Brasil e primeiras edições de grandes escritores brasileiros. Possui o maior conjunto de dicionários do Brasil, e uma coletânea única de correspondências e primeiras edições das obras de José de Alencar. Tem ainda os maiores acervos do País de livros sobre oratória e, particularmente, sobre o Ceará. Arquivos importantíssimos, organizados e cuidados por um bibliófilo de vocação.

               O outro, não tem ligação nenhuma com minha pessoa, apenas o que ele escreveu. Desde meus quatorze anos eu gosto de ouvir em suas músicas seus “pensamentos de adultos.”Letras de pensamentos reflexivos do homem comum que observa a vida, com seus “alavantus e anarriez” às vezes sugerindo rock, às vezes Bob Dylan. Sonhava ser a “normalista linda”, “...antes do fim para que meus amigos fiquem sempre jovens e que aprendam com o delírio coisas reais antes do fim”, “amar e mudar as coisas”, “ando mesmo descontente, desesperadamente, grito mesmo em português.” Frases tão bem pensadas e expostas em músicas que jovens como eu ouvia e ainda ouço para matar a saudade e porque na verdade são músicas que nunca envelheceram por causa dos termos que serão sempre jovens como “loucura, chiclete e som.”

       Ele está sumido, até hoje, espero o cancioneiro prometido em 23 de 08 de 2009 numa entrevista ao Fantástico. Só que houve um lapso nessa entrevista, disseram que ele havia deixado carros em alguns aeroportos, um eu não sei a veracidade, mas, o destino de um dos carros que ocorreu o Lapso está aqui no aeroporto dos Guararapes no grande Recife. Eu o vejo sempre que vou buscar ou levar alguém.

      Este artista de peso chama-se Antônio Carlos Gomes Belchior Fontanelle Fernandes, nome lindo! Bem combinante ao talentoso ex-professor, pintor, poliglota, na minha opinião excelente compositor e músico, estudante de filosofia e humanidade, atuou em escolas, teatro, penitenciárias, hospitais. Abandonou a faculdade de medicina para dedicar-se à música.

       Quando criança foi cantador e poeta repentista. Estudou música, coral, e piano com professora Acací Halley. Foi programador da rádio de Sobral, cidade onde nasceu, no estado do Ceará, no ano de 1946. Ele disse ao Fantástico que não se considerava uma celebridade.

       Em 1976 Elis Regina gravou “como nossos pais” e o sucesso foi estrondoso. Mas Belchior consolidou sua carreira musical com a música, onde sem celular ainda, ele conseguiu autofotografar em seu sucesso “eu sou apenas um rapaz latino americano... não me peça que eu lhe faça uma canção se deve correta, branca, suave, muito limpa, muito leve; sons, palavras são navalhas e eu não posso cantar como convém sem querer ferir ninguém...  mas não se preocupe meu amigo com os horrores que lhe digo, isso é somente uma canção, a vida realmente é muito pior... ” “Eu não estou interessado em nenhuma teoria, nem nessas coisas do oriente, romances astrais, minha alucinação é suportar o dia a dia e meu delírio é a experiência com coisas reais.”Hoje “quero uma palavra nova, falando de brotos ou de coisas assim... de ti e de mim, de um cara tão sentimental...  eu estou muito cansado do peso da minha cabeça”.

                                       
                                             O carro no aeroporto dos Guararapes, Recife

                                            
                                                             Eu com quatorze anos

                                                          
                                                                     Eu agora


Belchior, sua imagem para mim será sempre esta:


   Belchior em sua entrevista ao "Fantástico"

 


                                                        Clara3amores.   
                     

                                  Pesquisa: Blog de Edúbastos e Boca livre.

                                                                   

       

Um comentário:

  1. E sempre um privilégio ler seus escritos e comprovar seu bom gosto Clarinha. Belchior é para me entre muitos, o segundo melhor cantor do brasil, porque o primeiro é Zé Ramalho. Eu sabia quase nada sobre a pessoa dele (belchior), mas de suas musicas muita coisa, pois elas marcaram e muito a minha vida, É minha cara! principalmente: "TUDO OUTRA VEZ, SAIA DO MEU CAMINHO (COMENTÁRIOS A RESPEITO DE JHON) e UM ANALISTA. Nao sei se escrevi os títulos corretamente. Lendo assa matéria, voltei um pouco ao passado e foi muito legal. Obrigada Clarinha e nem pense em deixar de escrever hem? Beijos... Cris.

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